“O desafio de ser uma cidade verde é, precisamente, sermos um território cada vez mais industrial” 

“A vontade de mudar (transição climática) não faz com que tenhamos de voltar à época do bronze ou do ferro (…) e não significa regredir na economia nem que gastemos o estritamente necessário”. Quem o diz é Domingos Bragança, presidente da Câmara Municipal de Guimarães, relembrando que o conhecimento e a ciência são recursos que antes não existiam: “Hoje, sabemos que a ciência nos dá a continuação do conforto e bem-estar, juntamente com mobilidade descarbonizada, a par da mobilidade suave”. Sobre mobilidade, o autarca atenta que, juntamente com a ciência e o conhecimento, cabe também aos “poderes políticos” criar as “alterações físicas das cidades” para que estejam “adaptadas ao uso da bicicleta, andar a pé ou ao transporte público seguro e fiável”.

Tendo como base a cidade de Guimarães e o facto de se tratar de um território industrial, Domingos Bragança refere que o desafio de ser uma “cidade verde é, precisamente, sermos um território cada vez mais industrial”. E este é um trabalho que tem que envolver a indústria local do têxtil, do calçado ou da construção, para mudar para modos de produção que promovam reutilização, permitido que as matérias reentrem no processo produtivo: “A ciência pode e deve ser toda ela aplicada na nossa economia, sociedade e circularidade (…) e tudo depender da inteligência humana, da nossa sabedoria e saber fazer convergir toda a ciência e conhecimento para a circularidade da economia e para a proteção e conservação da natureza (…) sempre numa ótica de garantir um saldo ambiental sempre favorável”.

Na sua intervenção, Domingos Bragança reforçou ainda aquele que tem sido o trabalho do município em prol da natureza: “Fazemos parte dela e temos de ser defensores do ecossistema e da biodiversidade”. Para tal, “temos promovido muitas iniciativas”, envolvendo os “cidadãos, comunidades, empresas, instituições e comunidades escolares. Todos estão envolvidos no desenvolvimento ambientalmente sustentável”, assegura o autarca de Guimarães, sublinhando o caminho traçado que já garantiu a “conquista de um estatuto que nos leva a ter mais entusiasmo, empenhamento, foco, exigência e direção”, como as candidaturas de Guimarães a Capital Verde Europeia em 2020, onde conquistaram o quinto lugar, ou em 2025: “Trabalhamos em prol de uma cidade e de um território com cerca com 160 mil pessoas que têm de viver, trabalhar e produzir (…). Tem que haver sabedoria para que a nossa pegada ambiental ecológica seja diminuída e para que haja um equilíbrio do que consumimos”, sustenta o autarca. No entanto, Domingos Bragança defendeu que o caminho que o Município está percorrer é mais importante do que a candidatura, até porque o caminho assenta na “mudança de atitudes e comportamentos” de cada cidadão enquanto ator fundamental no processo da transição.

O Município de Guimarães promoveu esta segunda-feira, 5 de junho, Dia Mundial do Ambiente, a “Conferência Economia Circular e Ambiente”, onde formalizou o Pacto para o Clima, juntamente com 70 entidades comprometidas com a neutralidade climática até 2030.

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