“O futuro do e-commerce tende a ser moldado pela sustentabilidade e pela personalização”
A BIGhub considera-se um acelerador de vendas, sendo uma plataforma presente nos principais marketplaces europeus como solução tecnológica para alargar a performance dos empreendedores que já vendem pela internet. Mas como é que o e-commerce pode ser mais sustentável? Rúben Lamy, Fundador e CEO da BIGhub, esclarece a Ambiente Magazine.
No que consiste o e-commerce?
De uma forma muito direta, e segundo a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), o e-commerce é um canal de vendas online que permite chegar a clientes de todo o mundo. Contudo, o conceito abrange muito mais do que esta simples definição. É um ecossistema, um universo que interliga pessoas, marcas e mercados em tempo real, sem fronteiras físicas e, por isso, com enorme flexibilidade.

Para empreendedores e gestores, o comércio eletrónico é uma oportunidade para escalar negócios de forma rápida e sem custos muito elevados, atingindo novos públicos e validando estratégias de forma praticamente imediata. Para os consumidores, representa conveniência, diversidade de escolhas e acesso a produtos e serviços que, muitas vezes, não se encontram disponíveis em lojas físicas ou em localização conveniente.
Como é que o e-commerce pode potenciar a redução das emissões de CO2?
A ligação entre o e-commerce e a sustentabilidade prende-se, sobretudo, com a centralização da logística, a otimização das rotas de transporte e o uso de cargas completas, que permitem reduzir significativamente o número de deslocações individuais e, desta forma, as emissões de carbono a elas associadas. Trata-se de um modelo que acaba por transformar milhares de viagens em entregas organizadas e eficientes, o que é uma enorme vantagem.
Como é que esta atividade se conecta ao princípio da economia circular?
Por um lado, o e-commerce facilita o acesso a produtos em segunda mão, recondicionados ou reciclados, por permitir a criação de inúmeras lojas, marketplaces, aplicações móveis e contas nas redes sociais especializadas nesta vertente. Por outro lado, dá origem a novos modelos de negócio, sendo uma oportunidade para jovens empreendedores que, muitas vezes, desenvolvem ideias com base em princípios sustentáveis. Na BIGhub, assistimos diariamente à forma como a digitalização dá espaço para a consolidação dos projetos.
A IA pode ser aliada no compromisso de sustentabilidade do e-commerce?
Sim, sem dúvida. A IA é, hoje, uma ferramenta fundamental, por permitir a antecipação de tendências e a análise de preferências, a partir das quais é facilitada a gestão da produção. Os stocks são organizados em função da procura real, o que evita excedentes, desperdícios e emissões desnecessárias. O resultado é um comércio mais inteligente, responsável e sustentável.
Qual a posição atual das pessoas sobre a prática de um comércio mais amigo do ambiente?
A consciência ambiental está cada vez mais presente nos consumidores, que encaram a sustentabilidade como critério decisivo para a escolha. Esta tendência encontra-se refletida no E-Commerce Trends Report 2025, da DHL eCommerce, que conclui que 72% dos consumidores já consideram este fator antes de fazer compras. São números que retratam uma evolução muito positiva.
Por onde passa o futuro do e-commerce?
O futuro do e-commerce tende a ser moldado pela sustentabilidade e pela personalização. Por isso, o sucesso das empresas estará dependente da sua capacidade de equilibrar conveniência e rapidez com responsabilidade ambiental e social. Modelos de subscrição e meios de pagamento diversificados já fazem parte do presente, bem como a preponderância das redes sociais como montras digitais.
No entanto, a transparência, as mensagens claras e o propósito não podem ficar de fora, porque os consumidores já não compram apenas produtos, mas marcas que os representam, refletem os seus valores e que têm um impacto positivo na sociedade e no planeta.