#Opinião: A Água e a sua Energia mais que Circular!

A água e a energia são indissociáveis. No Balanço da Produção de Eletricidade de Portugal Continental, referente a julho de 2021, emitido pela APREN, podemos constatar a produção Hídrica de energia elétrica assume destacadamente o primeiro lugar com 34% do total produzido. Mas esta relação é circular. Por exemplo, a missão da Águas do Tejo Atlântico, de recolha, tratamento e valorização das águas residuais, consome muita energia – este é atualmente um dos custos operacionais mais relevantes no setor da água, quer para abastecimento, quer para saneamento.

Mas esta relação é ainda mais circular, pois a nossa própria atividade gera energia. O exemplo mais significativo é o aproveitamento energético do biogás resultante da digestão das lamas no processo de tratamento das águas residuais. A eletricidade gerada nesse processo pode ser usada quer para consumo interno, quer para venda à rede. Acresce ainda que esta energia é uma “energia verde” – isto é, sustentada por um recurso renovável e alternativo aos combustíveis fósseis – contribuindo para reduzir a pegada de carbono da nossa atividade e do nosso País.

Esta realidade permitiu à Águas do Tejo Atlântico assumir o compromisso de se tornar energeticamente autossustentável até 2030, utilizar na sua operação uma energia 100% renovável. Esta aposta é concertada e partilhada por todas as empresas do Grupo Águas de Portugal no âmbito do Programa de Neutralidade Energética ZERO, através do qual se propõem atingir a neutralidade energética do Grupo no prazo de 10 anos, assente numa estratégia continuada de redução de consumos, eficiência e de aumento da produção própria de energia verde.

A Águas Tejo Atlântico pretende concretizar este programa através do aumento da produção de energia a partir de recursos disponíveis nas suas instalações, como por exemplo o biogás das Estações de Tratamento das Águas Residuais (ETAR), mas também de energia eólica, hídrica e solar fotovoltaico, incluindo solar flutuante, a instalar em lagoas, num mix energético integrado que visará a maximização do autoconsumo, a autossuficiência energética e a sustentabilidade. Um programa pensado, mas com caminhos suficientemente abertos para se adaptarem à rápida evolução das tecnologias mas com uma meta bem definida. Outras empresas do Grupo Águas de Portugal têm também estratégias que merecem ser conhecidas e divulgadas.

Neste sentido está prevista a instalação de centrais fotovoltaicas, centrais hidroelétricas, uma hidrólise térmica, atualização dos atuais equipamentos de produção de energia, entre outras, com uma potência total de 23 MW, estimando-se uma produção de cerca de 62 GWh/ano de energia 100% renovável. E porque só atingiremos estas metas se o esforço for coletivo, interno e externo, estamos a desenvolver parcerias estratégicas para alavancar bons exemplos no setor, num trabalho em rede, como atualmente se impõe. Outras empresas do Grupo Águas de Portugal têm também estratégias que merecem ser conhecidas e divulgadas.

[blockquote style=”1″]Mas não chega mudar as fontes de energia.[/blockquote]

O planeta e o Pacto Climático que as Comunidades assumem para um futuro sustentável exigem uma maior eficiência face aos recursos e isso passa também por reduzir consumos. Neste sentido, é objetivo da Águas do Tejo Atlântico reduzir 12 GWh/ano nas suas atividades, correspondendo a uma diminuição de 13% por cento face ao consumo atual, sem nunca colocar em causa a operação e o serviço público, onde se inclui cumprir a nossa missão de cumprimento de licenças de descargas com uma redução progressiva dos odores que esta atividade sempre provoca.

Estamos conscientes de que a maximização da energia produzida para autoconsumo obrigará a alterações no padrão da operação, incorporando a produção e armazenamento de energia no core da atividade de saneamento e promovendo a reengenharia de sistemas e processos para aumento de eficiência. Implicará também a aposta na digitalização e na qualificação dos trabalhadores. Não será tarefa fácil, mas estamos motivados e prontos para dar o nosso contributo para o desenvolvimento regional para uma sociedade mais verde e sustentável!

[blockquote style=”3″]Hugo Xambre é o novo cronista da Ambiente Magazine.Todos os meses, o vice-presidente Executivo do Conselho de Administração das Águas do Tejo Atlântico dará o seu testemunho sobre a atualidade no mundo do ambiente.[/blockquote]

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