Por José Carlos Ferreira, Coordenador do Mestrado em Urbanismo Sustentável e Ordenamento do Território da NOVA FCT
A engenharia é um motor de progresso e inovação, impulsionando o desenvolvimento humano e moldando a sociedade. Hoje, enfrenta desafios urgentes, como a crise climática, a escassez de recursos e a necessidade de adaptação a novas realidades. Para responder a estas exigências, é fundamental adotar uma abordagem sustentável, que promova soluções resilientes e integradas no ambiente e nas comunidades.
Áreas como a gestão do território, a engenharia biofísica, a gestão eficiente da água – incluindo o abastecimento de água potável, saneamento e tratamento de águas residuais, resíduos e economia circular – com enfoque na recolha, tratamento e reutilização, energia e descarbonização, segurança alimentar, mobilidade, saúde ambiental, biodiversidade, proteção e conservação da natureza e restauro ecológico são hoje pilares essenciais de uma engenharia mais integrada no ambiente, assente em princípios ecológicos e sociais.
A procura de modelos de ocupação territorial de base ecológica e a definição de estruturas urbanas mais sustentáveis e resilientes às alterações climáticas, representam desafios fundamentais para a formação dos futuros profissionais. A aposta em soluções baseadas na natureza e de base social é crucial para a sua intervenção nas cidades, nas áreas agrícolas, industriais, florestais e naturais, promovendo um equilíbrio entre desenvolvimento, preservação ambiental e qualidade de vida.
Estes esforços estão alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, promovendo um ambiente mais saudável (ODS 3), a formação em engenharia sustentável (ODS 4) e a gestão eficiente da água (ODS 6). Apoiam a transição para energias limpas (ODS 7), infraestruturas resilientes (ODS 9) e cidades mais sustentáveis (ODS 11). Incentivam a economia circular (ODS 12), a ação climática (ODS 13) e a proteção dos ecossistemas aquáticos (ODS 14) e terrestres (ODS 15), assegurando um futuro mais equilibrado e sustentável.
A forma como as cidades são planeadas, geridas e expandidas, tem um impacto direto na qualidade de vida das populações, na biodiversidade e na eficiência dos recursos.
Um planeamento urbano e territorial sustentável deve assentar em estratégias e ações que promovam uma ocupação e uso do solo de base ecológica, integrando os riscos ambientais, garantindo maior eficiência na edificação e na mobilidade, incentivando a criação de infraestruturas verdes e maximizando o aproveitamento de energias renováveis.
Mas estaremos a investir o suficiente face à dimensão dos desafios que enfrentamos? A formação de engenheiros, especialistas e técnicos alinhados com os princípios da sustentabilidade não é apenas essencial, mas determinante para a construção de um futuro mais resiliente e sustentável.
A universidade desempenha um papel decisivo na capacitação de futuros profissionais para os desafios da sustentabilidade e resiliência, através de uma formação integrada e inovadora. Para isso, deve desenvolver investigação aplicada às necessidades das comunidades, garantindo soluções sustentáveis; envolver as comunidades no processo de investigação, promovendo conhecimento partilhado e corresponsável; apoiar políticas e estratégias para uma transição sustentável, assegurando equidade social e equilíbrio ecológico.
Esta abordagem reforça a necessidade de uma engenharia mais inclusiva, participativa e orientada para a ação, capaz de impulsionar mudanças reais e sustentáveis.