Opinião: “Agregar contributos para uma Agenda Nacional de Educação Ambiental”

Gostaria de aproveitar esta oportunidade para felicitar, em nome da ASPEA – Associação Portuguesa de Educação Ambiental, esta iniciativa e decisão política para a elaboração de uma Estratégia Nacional de Educação Ambiental, num momento em que é preciso comprometer toda a sociedade perante a crise socioambiental que o país, a europa e planeta atravessam, desde as alterações climáticas, a perda de biodiversidade, os riscos de pobreza e exclusão social ou a guerra e as suas consequências dramáticas.

Finalmente, após 3 décadas a reclamar-se a importância de uma Estratégia Nacional de Educação Ambiental, e depois de 7 vezes anunciada, estamos perante a tão esperada resposta política, desde que, em 8 de abril de 1986 a expressão «Educação Ambiental» é pronunciada pela primeira vez num Debate Parlamentar da Assembleia da República; ou, quando, na 4ª revisão da Constituição da República Portuguesa (CRP), em 1997, integra, no seu artigo 66º – ponto 2) destinado ao «ambiente e qualidade de vida», a «educação ambiental e o respeito pelos valores do ambiente».

Para o sucesso deste documento estratégico de políticas nacionais e de práticas de Educação Ambiental, a direção da ASPEA considera importante, e fundamental, que os decisores políticos e técnicos, responsáveis pelo processo de elaboração da estratégia, conheçam e reconheçam os atores chave que atuam no campo da educação ambiental, aqueles que, em muito, têm contribuído e ajudado na implementação das políticas públicas ambientais e educativas, através de múltiplas ações no terreno. Todos sendo importantes, há os que transportam conhecimento, experiência ou acervo acumulados que não podem ser declinados durante todo o processo de elaboração da Estratégia Nacional de Educação Ambiental que hoje inicia.

Desta forma, considero fundamental resgatar protagonistas, acontecimentos e iniciativas políticas nacionais, mas também do espaço lusófono, assim como as principais ações da sociedade civil, que nos ajudem a repensar um projeto coletivo nacional, tendo em conta os sucessos e fracassos das políticas e práticas da Educação Ambiental em Portugal.

Temos de contar, neste processo, com todos os que vêm participando nas dinâmicas das organizações não governamentais de ambiente e outras associações, os atores políticos e técnicos da administração local, técnicos e especialistas de diferentes áreas de atividade, investigadores, e, em especial, os jovens, para que se possam mobilizar em diferentes iniciativas dando contributos durante todo o processo de participação pública. Esta deve ser uma oportunidade para estimular e articular os distintos setores que atuam no campo da Educação Ambiental, a identificar e apresentar propostas de solução práticas, que respondam aos interesses e necessidades dos que trabalham e desenvolvem projetos nesta área.

É importante que os desafios da Estratégia Nacional de Educação Ambiental contribuam para que todos os atores sociais e políticos se sintam responsáveis, mais do que contribuir para a construção de um documento que ajudará a reforçar o papel da Educação Ambiental, possam assumir a responsabilidade individual e o compromisso coletivo de uma sociedade ambientalmente responsável e socialmente justa.

É, assim, que a ASPEA espera contribuir para uma Agenda Nacional de Educação Ambiental, com um enfoque no compromisso coletivo através de um processo participativo que responda aos objetivos de mudança de atitudes e transformação social que exige a crise ambiental.

Alguns projetos da ASPEA que ajudarão a envolver e mobilizar os jovens neste processo de elaboração e implementação dos objetivos e princípios orientadores da Estratégia Nacional de Educação Ambiental.

Projeto Rios
Este é um programa que pretende estimular a participação de grupos na adoção de um troço de 500m de um rio e trabalhar na sua monitorização e valorização através de ações de educação ambiental e participação pública. A sua implementação pretende dar resposta à visível problemática, de âmbito nacional e global, referente à alteração e deterioração da qualidade dos rios e à falta de um envolvimento efetivo dos utilizadores e da população em geral.

Rede Lusófona de Educação Ambiental
Promove o 4º Congresso Internacional de Educação Ambiental dos Países e Comunidades de Língua Portuguesa decorrerá na cidade de Santo António, Ilha do Príncipe, São Tomé e Príncipe, entre os dias 16 e 20 de julho de 2017. A programação contará com a multiplicidade de olhares que cruzam com o campo da Educação Ambiental dos países, regiões e comunidades falantes da língua portuguesa, fortalecendo o amplo debate no fórum promovido pela Rede Lusófona sobre o tema “A TERRA É UMA ILHA: A Educação Ambiental como resposta às suas fragilidades e como contributo para viver nos seus limites”.

Projeto EDUCO2CEAN – SCT Modelos de educação para transmitir à sociedade o desafio das alterações globais no oceano
Este projeto visa produzir e testar modelos pedagógicos Ciência-Tecnologia-Sociedade (CTS), com a finalidade de serem aplicados em toda a União Europeia, para transmitir à sociedade a importância da investigação sobre os impactes e mitigação das alterações climáticas nos mares e oceanos, dando especial enfase ao oceano Atlântico e ao Mar Báltico. Através da implicação direta dos jovens estudantes do 7º ao 11º anos prevê-se o desenvolvimento de competências-chave ao nível da criatividade na comunicação ambiental e desenvolvimento de ideias na procura de soluções para a valorização dos oceanos e alertando para os danos ao equilíbrio ambiental causados pela pesca excessiva, o lixo marinho, o aumento da temperatura do mar, a presença de materiais perigosos, entre outros aspetos socioambientais, e o seu efeito sobre as alterações climáticas nos mares e oceanos.

por Joaquim Ramos Pinto, Presidente da Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA)