Opinião: O que reserva o futuro? As empresas não podem esperar pelo melhor cenário, precisam moldá-lo

Por Louise Koch, Diretor de Sustentabilidade Corporativa da EMEA, Dell EMC

Nunca conseguiremos saber ao certo o que está por vir, mas com a população mundial em
crescimento exponencial e preste a atingir os 8,5 mil milhões de pessoas até 2030, sabemos que os negócios de sempre não podem continuar se quisermos garantir um futuro saudável e próspero para nossa sociedade e planeta. Com mais pessoas, aumenta a pressão sobre os nossos recursos: pense em mais carros, mais roupas, mais aparelhos, mais eletrodomésticos e mais energia – o que não é sustentável com nosso modelo atual. Devemos considerar o impacto que estamos a sentir, individual e coletivamente, no mundo ao nosso redor, e temos que começar a fazer planos o quanto antes.

As empresas têm responsabilidade e devem desempenhar um papel significativo nesta discussão.

Os CEOs e líderes estão focados em alcançar crescimento, participação de mercado e maiores
margens de lucro, mas há uma oportunidade de incluir a sustentabilidade nos seus modelos de
negócios para que eles suportem essas metas, tirando partido do seu tamanho e influência para fornecer mudanças escaláveis e impactantes.

As palhinhas de plástico são um exemplo. Um indivíduo pode optar por não usar palhinhas de
plástico e pode eliminar centenas de palhinhas do nosso ecossistema ao longo de um ano, mas
quando grandes empresas como Dell, Starbucks e McDonald´s as retiram das suas operações, esse número multiplica-se drasticamente, e potencialmente elimina milhões de palhas de plástico de em aterros sanitários e no meio ambiente.

O que é um legado e por que é importante?

Um legado é criar algo que deixa uma impressão ou um impacto duradouro. Mas como pode uma empresa ter um impacto planeado, deliberado e tangível a esta escala? Simplificando, começa pela sua experiência e dos seus funcionários. É sobre ter um compromisso de fazer e incutir isso na cultura e nos valores da empresa. Trata-se da técnica e do talento para o trabalho onde podemos realizar o melhor para o nosso planeta.

O bem deve superar o mau

Deixar um legado neste contexto é mais do que apenas uma "boa prática". Se as empresas estabelecem metas que impulsionam a inovação, a sustentabilidade, a diversidade e a colaboração, esses objetivos resultarão, por sua vez, em benefícios comerciais tangíveis.

Os clientes estão cada vez mais preocupados com o impacto social e ambiental dos produtos que compram e, de acordo com um estudo recente, 66% dos clientes estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços de empresas com fortes programas de responsabilidade corporativa.

Ter um impacto positivo duradouro significa que não podemos apenas ter práticas “menos más”, mas, tanto como indivíduos quanto como empresas precisam de encontrar maneiras de fazer melhore de forma sustentável, o que também inspira outras pessoas a seguirem o exemplo. Isso é mais do que apenas fazer a coisa certa. Trata-se de criar um negócio melhor: libertar a inovação e criar eficiência sem comprometer o futuro do nosso planeta.

Mas o que as empresas podem e devem fazer a curto e a longo prazo para impulsionar a mudança?

Mostrando o caminho a seguir

O desafio para qualquer grande organização, com tantos aspetos sociais e ambientais que precisam ser enfrentados, é como podemos garantir que estamos a ser estratégicos e como aplicamos os nossos conhecimentos de forma a oferecer o máximo de valor e impacto? Aqui estão algumas das nossas áreas de foco que ajudam a moldar as nossas ações, e que podem ser aplicadas à maioria das grandes organizações que procuram uma estrutura e estratégia para seu próprio legado:

  • Focamo-nos nos nossos clientes:  Mantemos o cliente em primeiro lugar na nossa mente,
    vinculando os nossos objetivos de responsabilidade corporativa de forma a fornecer-lhes
    valor;
  • Impulsionamos a inovação: capacitar as nossas equipas a utilizar criatividade e espírito
    empreendedor gera melhores resultados sociais e ambientais;
  • Colaboramos:  Trabalhar em conjunto para atingir objetivos comuns, incorporando diversas perspetivas e aproveitando os pontos fortes uns dos outros, é fundamental;
  • Temos sucesso: sabemos que temos que aproveitar o nosso alcance mundial e visualizar
    as nossas atividades por meio de uma lente global. O nosso objetivo com os projetos piloto é evoluir. Se não for algo que podemos fazer em escala, tal não vai transformar os nossosnegócios nem ter o nível de impacto que queremos;
  • Estamos motivados a fazer o melhor: Durante muito tempo a sustentabilidade significava “menos mal”. Mas os nossos esforços imaginam algo maior e melhor. Acreditamos que a tecnologia pode criar uma mudança social e ambiental positiva – o “bem” real que construirá um futuro melhor. Esse será o nosso “legacy of good”.

Essas áreas de foco ajudam a estruturar os nossos objetivos específicos e mensuráveis em todo o ambiente, a nossa cadeia de fornecimento, a comunidades e o nosso pessoal, e são compartilhados através do relatório anual Legacy of Good de 2020. A intenção é inspirar os membros das equipas, orientar os fornecedores e impulsionar os negócios para criar soluções inovadoras que beneficiem os clientes enquanto construímos um legado duradouro.

Por exemplo, no âmbito do Legacy of Good, a Dell tem vindo a colaborar em Portugal com o Exército de Salvação com iniciativas como a Campanha Anjinhos de Natal, em que há uma distribuição de prendas natalícias a famílias mais carenciadas, um projeto de rua de apoio aos Sem Abrigo em Lisboa, bem como um Kit Escolar Solidário para as crianças mais carenciadas.

Dê o primeiro passo para construir o futuro

O futuro requer uma verdadeira mudança de mentalidade em torno da criação de valor, e que serão necessários novos tipos de colaboração que deixem um impacto duradouro e positivo.
De acordo com o relatório Better Business, Better World, há um potencial de mercado global
estimado de $12 trilhões anualmente interligado ao cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas para 2030.

Esta nova mentalidade também é fundamental para a próxima geração de força de trabalho. A
geração millennial, de acordo com o report da Cone Communications, 62% estão dispostos a aceitar um corte salarial para trabalhar numa empresa socialmente responsável. Além disso, 91% dos millennials mudariam de marca para uma associada a uma causa – demonstrando que a CSR não é apenas uma boa ideia, mas agora é vital para o sucesso de uma marca.

Agora, mais do que nunca, os líderes devem considerar seriamente, decidir e agir sobre o impacto duradouro que podem ter para garantir a longevidade dos negócios, enquanto deliberadamente criam um legado hoje para um mundo e uma sociedade melhores amanhã.