Organizações declaram que a utilização em larga escala de biomassa florestal para enregia é uma “ilusão” perigosa

Um número recorde de organizações da sociedade civil à escala mundial uniu-se para declarar que o uso de biomassa florestal para energia renovável é uma ilusão no que respeita à mitigação das alterações climáticas. Os mais de 120 grupos de cerca de 30 países pedem o fim dos subsídios e apoio político para a utilização de bioenergia em larga escala.

Apresentada e assinada por um número sem precedentes de organizações, a declaração mostra a força da crescente oposição a este tipo de produção de energia com o apoio a nível internacional de organizações tão diversas como a Greenpeace Internacional, o NRDC, a Fundação Leonardo DiCaprio e a Dogwood Alliance nos EUA, Amigos da Terra na Bósnia-Herzegovina ou o Milieudefensie na Holanda.

O manifesto é divulgado no Dia Nacional da Bioenergia das associações industriais norte-americanas setor de bioenergia promovendo a queima de mais madeira e apenas algumas semanas após o lançamento do último relatório do IPCC sobre o aquecimento global de 1,5 graus. O relatório destacou a importância das florestas na tarefa de limitar o aumento da temperatura global.

As 123 organizações signatárias, entre as quais a ZERO, acreditam que a queima de madeira florestal para produção de energia em grande escala não pode ser parte de um futuro sustentável. Em vez disso, devemos proteger e restaurar as florestas naturais para realmente reduzir as emissões e remover o carbono da atmosfera, apoiando a biodiversidade, a resiliência e o bem-estar.

Peg Putt, coordenadora do grupo de trabalho da Environmental Paper Network disse que “o recurso à biomassa florestal representa uma enorme perda ambiental que motivou esta forte declaração de preocupação de tantos grupos. Apelamos aos decisores políticos, aos financiadores, aos mercados e aos consumidores para abandonarem o apoio à produção de energia em larga escala a partir das florestas”.

Francisco Ferreira, presidente da ZERO, afirma que “em Portugal tem de ser absolutamente claro que o limite aceitável para o uso de biomassa florestal é o recurso aos resíduos florestais, nomeadamente associados às ações de limpeza florestal, não promovendo a queima de matéria-prima para a indústria da madeira”.