“Os aterros são o caminho dos preguiçosos”, diz presidente da LIPOR

Foi inaugurada esta segunda-feira, 11 de setembro, a nova Unidade de Triagem Automática de Embalagens da LIPOR. Com um investimento de cerca de 9 milhões de euros, este equipamento foi financiado pelo POSEUR – Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos.

Com uma capacidade nominal mínima de oito toneladas por hora, esta Linha de Triagem Automática de Embalagens corresponde a uma capacidade de tratamento anual de mais de 30 mil toneladas de embalagens, dando assim resposta ao desafios do Plano Nacional e Gestão de Resíduos (PERSU 2030).

“É a unidade mais avançada da Península Ibérica”, começa por dizer, aos jornalistas, José Manuel Ribeiro, presidente do Conselho de Administração da LIPOR, assegurando que “esta linha de triagem de embalagens utiliza a já mais avançada tecnologia e será uma das mais avançadas da Europa”. Um “investimento planeado e que permite ter uma capacidade maior para responder aos desafios”, como aumentar a capacidade de reciclar embalagens de plástico: “Esta é uma área onde sentimos essa necessidade. Fizemos o planeamento e o investimento no tempo certo e hoje está materializado”. Além disso, “corresponde aos esforços que nos pedem a todos: valorizar o máximo dos recursos para poupar o planeta”.

Relembrando os desafios que Portugal tem no que à gestão de resíduos, José Manuel Ribeiro não tem dúvidas do contributo que a LIPOR pode dar ao país e, especialmente, à região norte: “Os níveis de desempenho da LIPOR são excecionais em todos os domínios que atua e comparam bem com os países mais avançados nesta matéria”. Aliás, a “LIPOR envia para aterro menos de 1%”, afinca o responsável, destacando que “o território dos 8 municípios que compõe a LIPOR está próximo do 0% aterro”, enquanto que “no restantes país vão para aterro quase 60% dos resíduos domésticos”.

A “capacidade, reputação e prestígio ambiental” da LIPOR serviu de mote para o presidente da LIPOR assegurar o valor da Entidade para ajudar Portugal a deixar de enviar resíduos para aterros que, “segundo estudos, estarão esgotados em 2025, ou seja, dentro de menos de dois anos”. Este é “um problema ambiental muito sério e um desvio severo dos objetivos e das metas que a Comissão Europeia e Portugal definiram para serem atingidos no futuro próximo (2030 / 2035)”, alerta.

Na prática, José Manuel Ribeiro refere que a LIPOR pode “montar e operar no curto prazo uma terceira linha de valorização energética de resíduos domésticos na nossa Central de Valorização Energética na Maia”, evitando que sejam “remetidos para aterro” e, assim, “oferecendo uma possibilidade real, concreta a todos os municípios e autarcas da região Norte para zelarem todos os aterros existentes na região e converter esses espaço em ativos ambientais”. E tudo depende de “pura vontade política: se a APA (Agência Portuguesa do Ambiente) e o Governo derem luz verde para o projeto de aumento de capacidade da nossa central de valorização energética e, em paralelo, nos ajudar a aceder aos fundos europeus criados para os mecanismos de captura de carbono de ultima geração, o impacto ambiental de funcionalmente da nossa central energética será zero”, afirma.

Quanto a aterros, o presidente da LIPOR é perentório: “Acabaram-se os argumentos. Os aterros são o caminho dos preguiçosos (…) os países avançados não seguem esse caminho”.

A Unidade de Triagem Automática de Embalagens permite uma maior capacidade de processamento de embalagens, assegurando mais eficiência, o aumento do grau de pureza dos materiais, uma maior finalidade e disponibilidade da instalação bem como uma maior flexibilidade operacional e, consequentemente o incremento das taxas de reciclagem.

A digitalização e a inovação são das características que mais se destacam nesta nova unidade, com a inclusão de ferramentas para obtenção do balanço de massas em tempo real, a possibilidade de controlar remotamente a instalação, um sistema de enfardamento 100% automático e sistemas óticos dedicados ao controlo de qualidade com a capacidade de reconhecer embalagens através de inteligência artificial.