“Passar dos combustíveis fósseis para as fontes renováveis é ganhar uma enorme independência”

“A transição energética quer dizer várias coisas: quer dizer, naturalmente, passar do fóssil para o renovável e acreditar que passamos daquilo que foi o tempo em que só conhecíamos uma fonte de energia ou várias, mas muito parecidas – gás, petróleo e carvão – para um tempo em que, no caso de Portugal, se aventura em substituir estes três produtos fósseis pela água, vento e sol”. Este foi o ponto de partida para João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Ação Climática, sublinhar que transição energética é, ainda, dispor de “mais quantidade de energia”, porque a “economia vai crescer e mais energia será consumida”, mas agora provinda de “fontes renováveis”.

O ministro do Ambiente, que falou, esta quarta-feira, dia 15 de dezembro, na sessão de abertura da conferência que assinalou os 20 anos da ADENE – Agência para a Energia, acredita que “falar de transição energética” num país como Portugal é sair da dependência exterior: “Passar dos combustíveis fósseis para as fontes renováveis é ganhar uma enorme independência”. A energia deixa de ser uma espécie de “input” para passar a ser ela própria o “output” de um conjunto de atividades económicas, que serão mais lucrativas e prósperas quanto mais apostarem nas fontes renováveis: “É essa a enorme transformação que o país está a fazer”, declara.

Reconhecendo que o Acordo de Paris foi o “verdadeiro momento histórico”, Matos Fernandes também parece não ter dúvidas que, neste compromisso, a energia é mesmo o setor fundamental, dando como exemplo “a energia que está nos transportes e a energia que está na produção da eletricidade”. Apesar de ser claro que “descarbonização” não é sinónimo de “eletrificação”, o ministro do Ambiente atenta que um tem muito do outro e, por isso, é essencial “redes mais inteligentes, robustas e energia mais barata”, isto é “eletricidade mais barata”, sendo isso mesmo que se está a conseguir: “Acho que é estultice a mais quando oiço que o carvão em Portugal produzia eletricidade a 20 cêntimos por MGW hora”. E algo que parece ser tão evidente é que “tudo o que for a aposta na sustentabilidade” são investimentos nucleares para aquilo que é mais evidente: “A redução das emissões e a manutenção do nosso compromisso de saber viver em paz com a natureza, mas também essenciais para o crescimento da nossa economia”.

Como notas conclusivas, o chefe da pasta do Ambiente mostrou-se satisfeito com todo o percurso que tem sido feito em prol do setor em Portugal, mostrando “satisfação do trabalho feito, satisfação de um setor estável, satisfação de quem lidou sempre com estas matérias sem entrar em guerra com ninguém. Satisfação de ter resolvido algumas guerras que pareciam tensas e que foram bem sanadas. E satisfação de deixar o país, neste momento, à altura daquilo que são os seu compromissos e as suas ambições”.