Pimenta Machado: “Medir, poupar e adaptar” são as palavras-chave no setor da água

Celebrado a 1 de outubro, o Dia Nacional da Água nasceu no ano 1983. O dia tem um significado simbólico por se tratar do início do ano hidrológico em Portugal. A efeméride resulta também de uma solicitação feita pela APRH – Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos ao primeiro-ministro da altura, sendo um motivo de congratulação, pois oferece a toda a sociedade a possibilidade refletir sobre as questões da água, um recurso cada vez mais finito.

Foi precisamente a pensar no Dia Nacional da Água que a APRH promoveu, no passado dia 27 de setembro, a mesa-redonda “Água: Que Futuro?”, enquadrada na ENERH2O – Feira de tecnologia de água e energia ENERH2O, em Matosinhos.

“Medir, poupar e adaptar”. Foram as três palavras-chave que Pimenta Machado, Vice-Presidente da APA – Agência Portuguesa do Ambiente, quis trazer para reflexão. Num cenário em que as secas serão mais severas e intensas, Pimenta Machado chamou a atenção para as mudanças que já se sentem desde os últimos 20 anos: “Há menos precipitação”, constata o responsável, acrescentando que os recentes estudos já confirmam que as “temperaturas estão a aumentar e muito acima da média”, não sendo por acaso que, ao nível de seca meteorológica, “46% do país está em seca severa e extrema” e, no “conjunto de albufeira, estamos com 69%” de seca.

Pimenta Machado chamou ainda a atenção para as águas subterrâneas: “Em 93 massas de água subterrânea, 20% estão em estado crítico”, sendo o Algarve a zona que requer mais preocupação.

Apesar dos esforços que estão a ser feitos, o vice-presidente da APA quis reiterar a importância de se “medir para gerir melhor”, de “poupar mais no setor urbano e na agricultura” e de “adaptar, encontrando-se novos pontos de água”. Neste último aspeto, já há trabalho a ser feito, como é o caso de reciclar as águas das ETARs, “uma grande aposta no Algarve, onde já se reutiliza 2 milhões metros cúbicos e, no final do PRR (Plano De Recuperação e Resiliência), a meta é reutilizar 8 milhões metros cúbicos”, sublinha. Além disso, a dessalinizadora é também outro dos trabalhos em desenvolvimento no Algarve: “É uma combinação de várias soluções para dar maior resiliência ao país”.

A Ambiente Magazine esteve, na ENERH2O, em Matosinhos