Plataforma Tecnológica Portuguesa de Construção promove concursos de apoio às PME através do Horizon 2020

A Plataforma Tecnológica Portuguesa de Construção (PTPC) vai lançar uma linha de apoio às PME de cerca de 450 mil euros já a partir de 2020. O anúncio foi feito por Rita Moura, presidente da PTPC (em representação da Teixeira Duarte), durante o 8.º Fórum Estratégico da Plataforma que se realizou no Auditório do LNEC e que reuniu mais de uma centena de participantes.

O “Metabuilding” cuja candidatura foi aprovada no dia 9 de dezembro, é um projeto inovador, financiado ao abrigo do Programa Horizon 2020, e dinamizado pela European Construction Technology Platform, em parceria com os setores da Manufatura Aditiva e das Soluções Baseadas na Natureza, envolvendo seis países europeus. Tem como objetivo apoiar as PME através da criação de um ecossistema colaborativo sustentável para a expansão dos seus negócios e integrador de novos setores e indústrias dinâmicos, mediante projetos de inovação transetorais, transfronteiriços e orientados para os desafios provenientes dos clusters regionais.

“Portugal irá ter a partir de 2020 cerca de 450 mil euros para apoiar os projetos das PME nacionais através de concursos lançados e geridos pela PTPC”, avançou Rita Moura. “Com o Metabuilding vamos poder concretizar as boas ideias que temos em Portugal na área da arquitetura, engenharia e construção, gerando startups e promovendo PME’s inovadoras”, concluiu.

O 8.º Fórum da PTPC contou com a presença de vários reputados oradores nacionais e internacionais para discutir as temáticas da Construção Circular e da Eficiência Energética, questões essenciais na atualidade. “Os maiores riscos são os ambientais e isto está a chegar aos grandes decisores”, referiu Rita Moura. “A breve prazo, os futuros clientes vão exigir construções sustentáveis e vão ser os grandes influenciadores do futuro. As empresas ou tem esta atitude ou deixam de ter clientes”, finalizou.

“Reduzir, reutilizar e recuperar. Em todos os modelos de economia circular, até na nossa vida pessoal são estes os 3 princípios essenciais”, afirmou Isabel Pinto-Seppä, diretora de Assuntos Europeus do VTT, e keynote speaker da tarde. Avançou ainda que “o Comite Digital Built Environment foi aprovado há 2 semanas e a PTPC está no Executive Board. Estamos na Comissão Europeia a tentar formar este Comité há mais de 10 anos. Não podia estar mais orgulhosa”. Por fim, surgiu uma referência à nova geração de consumidores: “Os Friday for Future são inteligentes e exigentes. Eles não vão ser consumidores passivos. Vão exigir. Estão preparados e prontos para muita coisa”, finalizou Isabel.

Seguiu-se a discussão dos desafios da neutralidade carbónica, cujas conclusões serão um suporte para alinhar a estratégia para o setor AEC. Emanuel Forest, vice-presidente da empresa da construção Bouygues e membro da Mission Board for Climate-Neutral and Smart-Cities da EU, salientou: “Na visão Europeia a construção deverá centrar-se em proporcionar bem-estar aos cidadãos, na sustentabilidade do ambiente construído e em contribuir para a prosperidade económica da Europa. A resposta a estes desafios é a parceria Build4People, que está agora em discussão no âmbito do novo programa de financiamento Europeu, Horizon Europe.” Emanuel Forest acrescentou ainda que “a PTPC está envolvida nestes temas e o sucesso com a candidatura Metabuilding é a prova disso”.

“As alterações climáticas são uma realidade, embora alguns não a queiram enfrentar. Nós temos que acreditar na capacidade da ciência, da tecnologia e da engenharia para resolverem os problemas”, referiu Carlos Mineiro Aires, bastonário da Ordem dos Engenheiros.

Manuel Duarte Pinheiro, professor do IST, acredita que temos que ser proativos no que diz respeito à economia circular: “Com a publicação do Green Deal pela EU, este é o momento certo para a fomentar  a integração ambiental na economia. Está na hora de dar uma oportunidade à engenharia e às nossas empresas.”

“Todos percebemos o enorme problema das alterações climáticas e seus impactos. Contudo, no mundo real, as empresas vivem de resultados. A preocupação com a economia circular passa para segundo plano, como todos compreenderão. Em regra, as empresas de construção executam obras. É a montante da execução da obra, no projeto, que deve ser refletida a abordagem da economia circular para que a partir daí seja refletida em todo empreendimento. O sistema de contratação que temos hoje é limitativo à inovação”, começou por afirmar Mário Barros, administrador da Mota-Engil.

“Por outro lado, as decisões que são tomadas devem ser sustentadas numa lógica integrada dos seus impactos. Nós, em Portugal, decidimos que vamos fechar as centrais termo-elétricas até 2023. Na Alemanha, vão fechar até 2030. Era bom que questionassem as empresas antes de porem as leis a vigor. Não é quando as leis já estão cá fora. Nós vamos ter que acabar por importar cinzas, o que pode poluir muito mais do que poluiriam as nossas centrais termo-elétricas”, concluiu Mário Barros.

O encerramento do Fórum foi assegurado pela secretária de Estado do Ambiente, Inês Costa, que abordou o tema “Neutralidade Carbónica – Desafios para a Construção”. “Creio que todos temos o dever de fazer melhor. A descarbonização do setor da construção não se faz apenas recorrendo à integração de energias renováveis. Faz-se também, por exemplo, pelo design, porque há bom e mau design. Se cria resíduos é um mau design”, afirmou a Secretária de Estado.

Ao terminar, lançou também um desafio para os produtores utilizadores de materiais de construção, arquitetos, engenheiros e construtores presentes na sala: “Desafio-vos a pensar a sério em medidas voluntárias para melhorar a segregação dos produtos em fase final de vida útil, bem como a pensar o projeto de forma eficaz para essa segregação. Garanto-vos que não é tempo perdido, é dinheiro em caixa.”