Poluição causa 6,5 milhões de mortes prematuras por ano

Um total de 6,5 milhões de pessoas morrem por ano de forma prematura devido à poluição do ar, segundo revelou esta segunda-feira, dia 27 de junho, a Agência Internacional da Energia (IEA). O documento “World Energy Outlook”, apresentado em Londres, “evidenciou que a Ásia e África são as regiões com maior taxa de mortalidade por poluição e que este problema se transformou no quarto fator de risco para a saúde humana, atrás da pressão sanguínea, da má alimentação e do hábito de fumar”.

Do número total, 3,5 milhões de falecimentos estão ligados ao uso de biomassa para cozinhar e querosene para iluminar os lares em zonas pobres, enquanto 3 milhões correspondem à respiração de ar poluído, sobretudo em grandes cidades.

A IEA avisou que, se não houver uma atuação imediata, as mortes prematuras por contato direto com a poluição do ar aumentarão até 4,5 milhões em 2040, na sua maioria em países em desenvolvimento do continente asiático.

A pesquisa ressaltou que a maioria das poluições provém do setor energético, concretamente da queima de combustíveis em fábricas, carros, centrais elétricas e em cozinhas particulares.

Para o diretor-executivo da IEA, Faith Birol, estes dados são “alarmantes” e revelam um “grande problema a nível global”, além de que “os esforços que foram feitos para freá-lo não são suficientes”. Birol ressaltou que “este não é um problema só de países emergentes, como China, Índia, Indonésia, Brasil e México, mas também afeta as economias avançadas”, apesar de Estados Unidos, União Europeia e Japão terem reduzido suas emissões poluentes através de regulações.

O relatório indica que “os altos níveis de poluição na China desafiam a saúde pública”, dado que causam até 2,2 milhões de mortes prematuras e reduzem em 25 meses a esperança de vida.

A organização apontou também a Índia como um caso preocupante, já que “12 das 20 cidades do mundo com maior poluição de ar” se encontram nesse país asiático, e apontou que este padrão está “a transferir-se para a África, a cidades como Lagos e Cairo”.

Do outro lado da balança, a UE posiciona-se como uma das zonas que “tomou passos importantes para melhorar a qualidade do ar”, apesar de em 2015 terem ocorrido 340 mil mortes devido à poluição e a esperança de vida ter se reduzido em seis meses.

Para combater este panorama, Birol propôs chegar a um “Clean Air Scenario” (“Cenário de Ar Limpo”) para 2040, que “reduziria as mortes prematuras em até 50%”.

Para diminuir o número até 3,3 milhões de mortes anuais, a IEA defendeu um aumento de 7 % do investimento no setor da energia, o que chega até 4,7 triliões de dólares.

Entre as medidas postas em cima da mesa por esta organização estão reduzir as emissões poluentes através de tecnologias de controlo, substituir combustíveis por energias renováveis, diminuir os custos de redução e assegurar uma aplicação efetiva destas ações.

Birol garantiu que apresentará este relatório perante o G20, “porque aí se encontram países como China, Índia e Indonésia”, e perante a ONU em Nova Iorque, para que reveja a legislação atual, que apesar de ser “boa”, não é efetiva.

Conseguir o “Clean Air Scenario” também reportaria benefícios acrescentados a outras políticas, como o acesso às energias e a mudança climática.

Uma menor emissão de poluição significaria uma atmosfera livre de dióxido de carbono – um dos gases do efeito estufa- e uma arma contra o aquecimento global, uma das principais batalhas da política internacional, na qual Birol qualificou à UE como uma “grande lutadora”.