#PortugalSmartCities: Governo quer smart cities como fator “aglutinador” do território

Num contexto marcado pela incerteza, Isabel Ferreira, secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, abordou a necessidade de soluções mais eficientes, sustentáveis e justas para dar resposta aos problemas sociais e, em simultâneo, que sejam capazes de ter um impacto positivo e evidente no território, fazendo sempre prevalecer atributos como a qualidade, a eficiência e a identidade das comunidades constituintes.

Isabel Ferreira

A governante falava esta terça-feira, 11 de outubro, na sessão de encerramento da conferência “Financiar a transformação verde e digital das cidades, por um Portugal mais sustentável”, promovida no primeiro dia do Portugal Smart Cities Summit. No entender Isabel Ferreira, os vetores predominantes no conceito de “smart cities” são comuns e essenciais no desenvolvimento regional, no sentido de promover uma “utilização estratégica das tecnologias de informação e comunicação”, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e para o desenvolvimento económico integrado: “As smart cities têm um papel importante nas políticas e na concretização de iniciativas de desenvolvimento sustentável, garantindo um equilíbrio contínuo entre a disponibilidade de recurso naturais e o uso consciente e responsável desses mesmos recursos”. Além disso, as cidades inteligentes também integram iniciativas com inúmeras vantagens para a “otimização do uso de recursos financeiros”, ao permitirem, por exemplo, “aprimorar a rede de transporte urbano, melhorar o abastecimento de água e instalações de resíduos, utilizar conscientemente a energia, controlar a poluição do ar, garantir espaços públicos mais seguros e promover uma administração municipal mais interativa e ágil”, acrescenta.

Na resposta aos desafios “demográficos, digitais e ecológicos”, Isabel Ferreira considera que o conceito de “smart city” deve fazer parte do “mindset dos principais atores de decisão, representantes de empresas, instituições, associações e cidadãos” na procura conjunta de “soluções otimizadas” que atendam à necessidade de criar ecossistemas sustentáveis e inovadores: “A ideia principal que conduz ao desenvolvimento de muitos projetos que já estão no terreno passa por conseguir cidades sustentáveis e inclusivas”. E é nesta ótica que as “smart cities” podem mesmo ser essenciais para o desenvolvimento de cidades de dimensão média, mitigando as dificuldades que as cidades periféricas enfrentam para atrair e fixar pessoas, talento e investimento oferecendo novas potencialidades a estes territoriais: “As cidades médias podem mesmo considerar-se como modelos privilegiados para estabelecer cidades inteligentes, sendo especialmente recetivas à incorporação de tecnologia capaz de aumentar a sua capacidade de atrair e fixar população, talento e investimento, oferecendo estas novas potencialidades a estes territórios”, precisa.

Tão importante é que a implementação de práticas associadas ao conceito de “smart city” considere, também, a interação entre complementaridade e especificidade intra e inter-regional, capaz de estabelecer polos com capacidade de gerar inovação e produzir sinergias entre diferentes setores: “Naturalmente que estas iniciativas requerem um apoio integrado proveniente de diferentes fontes de financiamento e, por isso, os programas regionais do P2030 olham também para as smart cities, com relevância nos objetivos específicos mais ligados ao apoio, à transformação digital na administração pública local e regional, mas também na banda larga e na cobertura de todo o território em termos de rede de elevada capacidade e, ainda, aqueles que são os objetivos de políticas ligadas à coesão territorial, nomeadamente, as intervenções urbanas, quer seja feita a nível de comunidade intermunicipais ou áreas metropolitanas, quer em termos de redes entre centros urbanos”.

Como nota final, Isabel Ferreira lembra a importância das “smart cities” serem implementadas de “forma transversal e em rede”, com a colaboração de vários intervenientes, afirmando-se como um “processo aglutinador”, suportado em projetos capazes de proporcionar “alterações reais e concretas”, favorecendo a sociedade como um todo e permitindo a evolução do conceito de “smart city” para “smart nation”: “A implementação das smart cities será tanto mais eficiente a nível social e económico quanto mais sistémica e transversal for a abordagem seguida, promovendo estes métodos inovadores e soluções cada vez mais customizadas, respeitando as premissas fundamentais da sustentabilidade económica e ambiental”.

O Portugal Smart Cities Summit 2022 decorre até esta quinta-feira, 13 de outubro. A FIL – Feira Internacional de Lisboa volta a ser palco de mais uma edição que promete muita inovação em torno das smart cities.