Primeiro-ministro de Cabo Verde considera acordo de Paris bom para pequenos Estados insulares

O primeiro-ministro cabo-verdiano considerou hoje que a limitação de uma subida da temperatura em 1,5 graus Celsius, aprovada na Conferência sobre o Clima de Paris, vem beneficiar os pequenos Estados insulares em desenvolvimento, incluindo Cabo Verde.

José Maria Neves falava aos jornalistas após presidir, esta manhã, à abertura do VI Encontro de Jovens Investigadores Cabo-Verdianos, na Universidade Lusófona, em Lisboa, onde frisou que a meta de 1,5 graus passou de “utopia” a “realidade”. “Foi um grande ganho. Os pequenos Estados Insulares em desenvolvimento falaram num aquecimento global nos próximos anos até 1,5 graus celsius. Todos diziam que era uma utopia falar em 1,5 graus centígrados e foi esse precisamente o acordo que se atingiu, beneficiando os pequenos Estados insulares em desenvolvimento”, disse a propósito da cimeira, onde esteve presente.

José Maria Neves, primeiro-ministro cabo-verdiano desde 2001, lembrou que as alterações climáticas no planeta afetam sobretudo os pequenos Estados insulares, tendo em conta que são “os mais vulneráveis”. O chefe do executivo cabo-verdiano, que deixará o cargo após as legislativas do próximo dia 20 de março, exemplificou com a existência, já, dos primeiros refugiados ligados ao clima, como nas ilhas Kiribati e Maldivas. “Os pequenos Estados insulares têm de continuar a bater-se para que os objetivos fixados em Paris sejam efetivamente cumpridos”, frisou, salientando a criação do Fundo Verde, que prevê a disponibilização de 100 mil milhões de dólares em apoios às alterações climáticas – subida do nível das águas do mar, desertificação, etc – até 2020, montante que duplicará até 2030. “Espero que os pequenos Estados insulares tenham prioridade no acesso aos fundos para garantirem a adaptação e a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas”, manifestou José Maria Neves.

No caso de Cabo Verde, José Maria Neves lembrou os projetos em curso no arquipélago previstos até 2030, destacando a intenção de atingir os 100% de penetração das energias renováveis, mobilizar 75 milhões de metros cúbicos de água e plantar mais de oito milhões de árvores para garantir a adaptação do país. “Os acordos vêm ao encontro das expectativas dos pequenos Estados insulares em desenvolvimento e dos argumentos que apresentamos na Conferência de Paris”, concluiu o chefe do executivo cabo-verdiana, que regressa hoje à noite à Praia.