Programa de proteção da Amazónia atinge objetivo de 60 milhões de hectares

Cerca de 60 milhões de hectares de florestas tropicais, uma superfície equivalente à França, estão preservadas graças ao Programa Áreas Protegidas da Amazónia (ARPA), que atingiu o seu objetivo fixado, segundo anunciou recentemente o ministro do Meio Ambiente brasileiro. Esta superfície equivale a 15% da Amazónia brasileira.

Segundo o ministro José Sarney Filho, a iniciativa, lançada em 2002, permitiu que nestas florestas conservadas, a desflorestação seja duas ou três vezes menor do que as zonas que não fazem parte do programa, refere a agência Lusa.

Dotado de financiamentos públicos e privados (do Governo alemão, do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), de fundos públicos brasileiros, do Fundo Amazónia, entre outros), o ARPA foi criado para proteger 40 milhões de hectares da Amazónia brasileira, objetivo que foi alargado a 60 milhões em 2014. Em 2012, um fundo, que reuniu cerca de 215 milhões de dólares, foi criado para garantir o seu funcionamento.

“O ARPA serve como um escudo contra possíveis retrocessos na política ambiental” devido a vários fundos internacionais, disse à AFP Maurício Voivodic, diretor executivo da WWF-Brasil. “O Governo não pode correr o risco de perder esses investimentos”, sublinhou Voivodic.

A política do Presidente brasileiro, Michel Temer, em relação ao ambiente e às populações indígenas, tem sido alvo de muitas críticas, tanto no Brasil como no exterior. O Governo brasileiro teve que recuar em vários casos emblemáticos, como no de um projeto que abria caminho para atividades de mineração numa área de quase 50 mil quilómetros quadrados em plena Amazónia.

A Noruega – que participa do Fundo da Amazónia – advertiu que uma forte evidência de desflorestação poderia levar a cortes nos programas de proteção ambiental em que o fundo está envolvido.

Rejeitando as críticas, Sarney Filho cita os números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) brasileiro, segundo os quais a desflorestação sofreu uma queda de 16% entre julho de 2016 e agosto de 2017. “Devemos continuar a lutar, resistir a este momento difícil e sensível, com um Parlamento muito forte” e onde grupos, “muitas vezes, não entendem completamente a necessidade de certas ações (…) para conter a desflorestação”, explicou à agência de notícias francesa o ministro Sarney Filho. “Houve tentativas de voltar atrás, muita confusão também, há ainda tentativas e provavelmente continuará a haver, mas são apenas tentativas”, declarou, acrescentando que o programa ambiental do Governo brasileiro é “muito bom”.