Programa que premeia mulheres rurais já tem vencedora

A Corteva Agriscience e a CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal) escolheram o Dia Internacional da Mulher, 8 de março, para a anunciarem os três projetos vencedores da 2.ª edição do TalentA, um programa pioneiro que visa distinguir o papel que as mulheres rurais desempenham no setor, apoiando-as no desenvolvimento dos seus projetos e tornando-os realidade. A Ambiente Magazine partilha, em exclusivo, a vencedora desta iniciativa.

Diana Valente, médica veterinária, é a grande premiada desta segunda edição. A jovem agricultora de 26 anos distingue-se através do seu projeto que se baseia não só na produção de cereais (produção de milho-grão e arroz Carolino), como também na criação de Bovinos de Raças Autóctones de raça Jarmelista: “Esta é uma raça em grande risco de extinção, a qual o meu projeto pretende preservar”. Tudo começou com a paixão que tem pela área da agricultura: “Desde tenra idade, participei na atividade diária da exploração da minha família, o que direcionou todas as minhas opções ao nível académico e profissional”. Esta exploração familiar iniciou a sua atividade no ramo da “cerealicultura”, tendo enveredado, mais tarde, pela “criação de bovinos de raças autóctones (Brava de Lide e Cachena)”, explica.

Sobre esta distinção, Diana Valente não podia estar mais orgulhosa: “Este reconhecimento e valorização é uma prova de uma mudança fundamental para o nosso setor e sociedade”. Enquanto “mulher e jovem”, são muitas – e cada vez mais – as dificuldades com as quais se tem deparado nesta área: “Encontram-se não só associadas à natureza do setor onde trabalhamos, mas também com a descredibilização do trabalho feminino do conhecimento de alguém cujos anos de experiência ainda são reduzidos”.

Deste concurso, há pelo menos uma lição que a jovem agricultura vai levar para o resto da sua vida: “Tudo é possível. E não devemos desistir nunca dos nossos sonhos e daquilo em que acreditamos”. E o facto de se ser “mulher, jovem ou mãe” não pode ser um “impedimento” para se alcançar objetivos. Outra lição tem que ver com o “trabalho”, o “esforço” ou a “dedicação” que é depositada em cada projeto ou trabalho: “É a prova que nos pode levar onde quisermos”, afinca.

Com este reconhecimento, a jovem agricultura tem o desejo de, através do seu projeto, cumprir com aquilo que é a “nobre missão” de todos os agricultores: “Produzir alimentos para todos”. Depois, “pretendo aplicar os conhecimentos científicos e técnicos que adquiri ao longo da minha formação académica”, bem como “todos aqueles que me foram transmitidos pelos meus familiares, que toda a sua vida trabalharam nesta área”, refere, acrescentando, ainda a ambição de “contribuir para a conservação dos recursos genéticos animais”, o “bem-estar animal”, a “segurança alimentar” e a “proteção do ambiente e recursos naturais”.

Para além dos desafios que as mulheres agricultoras enfrentam, há outros – “inerentes ao setor” que Diana Valente se confronta e demonstra grande preocupação, como por exemplo, os entraves associados ao “risco económico”, às “alterações climáticas”, à “gestão dos recursos naturais” e à “necessidade de aumento da produtividade”. Com o objetivo de os colmatar, a jovem agricultura procurar aplicar o “conhecimento científico e técnico” à “produção agrícola”.

Tratando-se de um prémio que valoriza a Mulher, Diana Silva não deixa de partilhar uma mensagem / apelo:

“Nunca desistam dos vossos sonhos! As dificuldades fazem parte do percurso e é muito bom conseguir ultrapassá-las. Como ouvi o meu pai dizer muitas vezes “Se fosse fácil, não seria para nós”!”

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