Projeto da CApt2 vai de encontro aos desafios e necessidades emergentes no setor da água

O Laboratório da Paisagem de Guimarães é o parceiro-líder da CApt2 – Circularidade da Água, Por Todos e Para Todos, uma das quatro Redes de Cidades Circulares aprovadas no âmbito da Iniciativa Nacional Cidades Circulares (InC2), da Direção Geral do Território e constituída no Verão de 2021, orientada em particular para o tema do Ciclo Urbano da Água.

O projeto da CApt2 visa desenvolver um modelo de governança local participativo que integra os diferentes agentes responsáveis pela gestão da água e inclui o cidadão como indutor de transformação para um modelo circular e participativo. Pretende, igualmente, contribuir para influenciar as políticas de gestão da água e a orientação dos municípios para a transição para uma economia circular, promovendo-se a criação de sinergias entre os parceiros e a formação e capacitação ambiental de todos os atores do Ciclo Urbano da Água, incluindo o cidadão.

Para além do Laboratório da Paisagem, a CApt2 conta com os municípios de Águeda, Lagoa (Açores), Loulé, Mértola, Oeiras, Oliveira de Frades e Ponte de Sor como parceiros. A integração de oito municípios com diferentes contextos sociais, económicos, ambientais e geográficos, traduz-se não só num importante desafio para o desenvolvimento de uma visão conjunta sobre os fatores emergentes da circularidade da água, mas também permite uma partilha de conhecimento e adequação e adaptação de respostas dos diferentes municípios perante os problemas locais.

Tendo como objetivo último a definição de um Plano Local de Ação Integrado subordinado à circularidade da água em meio urbano, o projeto promove estratégias que garantam o envolvimento dos diferentes stakeholders, nomeadamente do cidadão.

Ao longo do ano de 2022 têm sido promovidas sessões de trabalho colaborativas com a participação de diversos agentes locais de Guimarães, do setor público ao setor privado, da academia aos cidadãos, os quais constituem o Grupo de Planeamento de Ação Local. Neste processo participativo e de cocriação tem se tornado evidente a necessidade do recurso água ocupar um papel central no que diz respeito à otimização dos respetivos usos, redução dos consumos e das perdas, aproveitamento de águas pluviais e reutilização de águas residuais.

Liderando pelo exemplo, Guimarães tem já em curso um projeto-piloto de reutilização da água das Piscinas Municipais, integrado no conjunto de Boas Práticas na Gestão e Uso Sustentável da Água, divulgadas no passado mês de junho. Esta iniciativa visa aplicar medidas para a reutilização da água não potável, mas que pode ser utilizada em outras atividades onde o seu nível de pureza é aceitável. Neste projeto-piloto tem-se procedido ao armazenamento da água do Complexo de Piscinas Municipais, habitualmente rejeitada nos processos de limpeza de filtros e de regeneração. Posteriormente, esta água é utilizada para usos não potáveis nomeadamente para a limpeza de arruamentos no Centro Histórico de Guimarães.

Numa perspetiva de mudança, as cidades devem melhorar a forma como consideram a água no planeamento e gestão territorial e no desenho urbano, de modo a otimizar a proteção e recuperação dos ecossistemas, o uso sustentável e equitativo de água de boa qualidade, e a adaptação às alterações climáticas. Devem melhorar a eficiência da retenção, captação e do uso da água e promover o aumento da reutilização, reciclagem e valorização da matéria-prima existente nas águas residuais e produtos até agora considerados finais. Devem ainda adotar soluções de base natural e soluções inovadoras de produtos e processos para melhorar o bem-estar e a qualidade de vida urbana e reduzir a pegada hídrica dos sistemas urbanos. Ao apoiar e capacitar os municípios e as suas comunidades na transição para uma economia circular, o projeto da CApt2 vai de encontro aos desafios e necessidades emergentes no setor da água.

Este artigo foi incluído na edição 96 da Ambiente Magazine