Projeto InteGrid assegura que é possível “viver num mundo eletrificado” e “mais sustentável”

O projeto InteGrid com financiamento europeu e liderado pela EDP Distribuição, representa um passo muito importante no processo de transformação do setor elétrico e, em particular, no reposicionamento dos Operadores de Redes de Distribuição (ORD) como agentes promotores e facilitadores da mudança.

À Ambiente Magazine, Luis Cunha, responsável da  Direção de Projetos e Políticas Europeias da EDP Distribuição, refere que as redes elétricas têm vindo a assumir um “papel de importância crescente” para a “modernização das sociedades”, para o “conforto dos cidadãos”, para o “desenvolvimento da indústria” e, atualmente, para a “descarbonização” e “eletrificação crescente” do mundo. O Integrid insere-se neste contexto, onde é necessário “caracterizar as implicações desta mudança de paradigma” e, em conjunto com os parceiros, atuais e novos, “encontrar os caminhos mais custo-eficientes” e “capazes de dinamizar a mudança”, acrescenta.

Para o responsável trata-se assim de uma “iniciativa de larga escala”, em linha com os desafios que o mundo tem pela frente, que apareceu no “momento certo”, envolvendo um “conjunto significativo e representativo” de parceiros nucleares: “Permitiu preparar, de forma consistente, as abordagens futuras no posicionamento dos vários agentes, com um foco principal no ORD e na participação ativa dos consumidores no processo de transformação”. Desta forma, explica-se a designação InteGrid: “Um novo mundo da energia ‘Interligado’, ‘Inteligente’, ‘Interativo’, e que ‘Integra’ novos recursos distribuídos do lado da produção e do consumo”.

[blockquote style=”2″]Repensar um ecossistema em grande transformação[/blockquote]

De acordo com Luís Cunha, o projeto contou com a “colaboração de 14 parceiros” de “oito países distintos”, nomeadamente Alemanha, Áustria, Eslovénia, Espanha, Holanda, Reino Unido, Portugal e Suécia: “São mais de 200 mil horas de esforço conjunto para um fim comum, seguramente maior do que a soma das vontades e dos interesses individuais”.

Para além da coordenação do projeto, a EDP Distribuição, foi também responsável pela “demonstração em Portugal”, que envolveu um “conjunto relevante de consumidores das zonas de Mafra, Alcochete, Caldas da Rainha e Valverde”, em coordenação com as “entidades locais”. Estocolmo e Liubliana também foram “palco para outras demonstrações complementares”, onde foi possível “replicar conceitos e melhores práticas”, descreve o responsável.

Foram assim “quatro anos de trabalho” a “repensar um ecossistema em grande transformação” e a “trabalhar soluções” que “permitirão que os diversos agentes se venham a reposicionar de forma articulada e consistente” com aquelas que são as “novas necessidades de operação dos sistemas energéticos”, de “desenvolvimento de novas soluções de mercado” e de “promoção da participação da sociedade em todo o processo”.

Questionado sobre a importância do projeto para a atividade das empresas, Luís Cunha sublinha que o InteGrid é capaz de dar às empresas “dados mais concretos” sobre a “dimensão” e os “impactos da mudança em curso”. E fá-lo de “forma articulada” entre os “vários agentes” para que “exista uma maior clarificação do trabalho que cada uma das partes terá que levar a cabo”, refere. É uma iniciativa com um “foco grande na rede”, desenvolvida em “rede” e “centrada no consumidor” que, atenta o responsável, “é e terá obrigatoriamente que ser o agente principal da mudança”. Num mundo da “energia descentralizado e descarbonizado”, a pessoa, individual e coletivamente, assume uma importância vital: “A participação nas qualidades de consumidor, ‘prosumidor’, cidadão responsável ou membro de uma comunidade de energia estão entre as várias dimensões que têm que ser consideradas pelas empresas, nos seus diferentes papéis, quando se reposicionam e repensam as suas estratégias futuras”.

[blockquote style=”2″]Colaboração e diálogo devem ser reforçados[/blockquote]

Do ponto de vista do responsável trata-se assim de um “desafio” a uma “escala muito distinta” de tudo o que “vivemos neste setor” nas últimas décadas. E a prova é que há “indústrias em mudança, existem novos agentes em desenvolvimento”, há “um novo enquadramento legislativo europeu com tradução gradual nas políticas energética nacionais” e há, acima de tudo, “uma constatação crescente de fenómenos disruptivos ao nível da produção renovável, descentralizada” e em “pequena escala de energia”, e um “novo relacionamento com a eletricidade” que, entre outros, implica uma “maior autonomia na gestão do consumo” e “nos padrões de vida, incluindo a mobilidade”, refere. Luís Cunha reforça o “papel central” que os consumidores têm em todo o “processo de transformação”, passando assim a “dispor de mais recursos energeticamente sustentáveis”, podendo “pensar novas formas de participação individual e coletiva na transição energética”, incluindo a “prestação de serviços de flexibilidade”. Foram assim o “elemento chave” no “desenvolvimento e sucesso” do projeto e “sê-lo-ão ainda mais nos anos que se seguem”, sustenta.

Estes são “momentos desafiantes”, de “grande incerteza” e, seguramente, de “muita maior complexidade”, afirma o responsável, defendendo que a “colaboração” e o “diálogo” devem ser “reforçados” para “garantir uma maior clarividência nas abordagens”, o “reforço da competitividade” e a “mitigação de riscos”. No caso do ORD, Luís Cunho diz que se trata de “assegurar”, em “tempos muito mais exigentes e complexos”, a “segurança” no “abastecimento” e a “qualidade de serviço”, ao mesmo tempo que “proporciona condições para que todos os agentes” e os “consumidores participem de forma ativa na mudança”.

Relativamente às conclusões, o responsável refere que todas tocaram diferentes tópicos, que  vão desde os “efeitos práticos” da “participação dos consumidores”, do “desenvolvimento de novos serviços”, dos “impactos na qualidade de serviço”, das “novas ferramentas para previsão de produção e de consumo”, até aos “resultados mais qualitativos” ao nível das “recomendações regulatórias” e de “política energética”. O Integrid abriu assim as “portas” a um “novo tema central no futuro” de curto, médio e longo prazo da “energia” e, mais em particular, da “eletricidade”, que é a “flexibilidade”. Trata-se de uma “área nova”, que “abrange o sistema” e o “papel dos consumidores” e que “traz oportunidades para toda a cadeia de valor”, afirma. Acima de tudo, declara o responsável, pretende-se “assegurar” que é possível “viver num mundo eletrificado” e “mais sustentável”, adaptando “padrões de vida” e “contribuindo para os níveis de qualidade” a que todos estão habituados.

O futuro… 

É com os “olhos” no futuro que a EDP Distribuição mais se foca, estando envolvida “extensivamente” no “desenho das novas soluções de flexibilidade”, em linha com as “orientações europeias”, contando já com “várias atividades de inovação”, que se prolongarão nos próximos anos, para “assegurar a transformação”. De acordo com Luís Cunha, em fevereiro passado, a empresa já deu início a um “novo projeto europeu” em que são líderes: “O EUniversal, onde trabalhamos o tema da flexibilidade e da interação aberta entre o sistema, o mercado e os consumidores”. Mais recentemente, a EDP Distribuição assumiu também a “coordenação técnica” e a “responsabilidade por uma demonstração multinacional”, que envolve Portugal, Espanha e França, num “outro projeto” com financiamento europeu: “O OneNet, que procura replicar as melhores práticas de flexibilidade por várias geografias”.  

Ainda sobre o futuro, o responsável da  Direção de Projetos e Políticas Europeias da empresa, dá conta da existência de um “sistema flexível”, centrado nas “necessidades dos consumidores, dos cidadãos, das comunidades e das cidades”, do qual a EDP Distribuição estará presente, “de forma proativa”, garantindo que a “progressiva eletrificação da sociedade é feita” de forma “confiável, sustentável e custo-eficiente”, facilitando o “desenvolvimento do mercado e da economia”, e assegurando o “envolvimento de todo o ecossistema”. É com base nestas garantias que Luís Cunha sublinha: “Assumimos essa responsabilidade de liderarmos e de trabalharmos ativamente e em rede, para garantir, enquanto agentes centrais da mudança, que venceremos, conjuntamente, um desafio singular, num tempo único para a humanidade”.