Projeto REACT afirma-se pelas respostas no mercado de trabalho no setor da eficiência energética em edifícios

Com a duração de 24 meses, o projeto RECAT, financiado pelo Programa Erasmus+, no âmbito da ação “Parceria estratégica para a educação e formação profissional”, iniciou-se em setembro de 2019 e terminou em dezembro passado, tendo sido prolongado por mais quatro meses devido à situação da pandemia. Enquanto entidade coordenadora do projeto, a Oeste Sustentável, juntamente com todos os parceiros, pretendeu com este projeto contribuir para os objetivos climáticos e energéticos definidos para 2030, através da capacitação dos cidadãos da União Europeia, ajudando para uma qualificação de qualidade harmonizada em eficiência energética em edifícios, desenvolvida para ser reconhecida em toda a União Europeia.

Desta forma, o projeto REACT significa “Uma abordagem digital para qualificar técnicos de eficiência energética em edifícios”, tendo como objetivo a “criação de um perfil profissional” e a “respetiva qualificação e conteúdos pedagógicos para o curso de Técnico Europeu de Eficiência Energética em Edifícios”, correspondendo ao nível 4 do Quadro Nacional de Qualificações, explica, em declarações à Ambiente Magazine, Ana Filipa Carlos, gestora de projetos da OesteSustentável.

À Oeste Sustentavel coube então o papel de coordenar todas as atividades do REACT, não só em termos da “gestão administrativa e financeira”, bem como em termos de “conteúdos do curso” para os materiais pedagógicos que foram desenvolvidos, explica a responsável, destacando as inúmeras vantagens identificadas através do projeto, nomeadamente as “resposta às necessidades do mercado de trabalho no setor da eficiência energética em edifícios”. Citando o estudo do Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação Profissional sobre as necessidade de formação na indústria, lançado em 2018, Ana Filipa Carlos lembra que “o mercado de trabalho carece de mão-de-obra de nível médio e operacional”, ou seja, empregos que requerem formação não académica, mas com sólidas competências técnicas: “Acreditamos que uma das vantagens do projeto é dar resposta a estas necessidades do mercado de trabalho, podendo contribuir para uma mão de obra mais qualificada e com mais equivalências no mercado de trabalho, pois este curso é particularmente dirigido aos profissionais que apesar de terem vários anos de experiência no sector da eficiência energética em edifícios, não têm uma qualificação reconhecida”.

Posto isto, o balanço não podia ser mais positivo, não só pelas “relações que foram criadas” com os parceiros ISQ (PT), ISQelearning (PT), South-East European Research Centre (Grécia) e o Regional Energy Agency North (Croácia), bem como pelo “feedback de vários formandos”, sendo o “workshop de aprendizagem”, realizado em maio, prova disso mesmo. Apesar da pandemia ter condicionado grande parte das atividades, como as reuniões de projeto, o workshop de aprendizagem, os cursos piloto e a conferência de encerramento, que tiveram de ser realizadas em formato virtual, Ana Filipa Carlos não tem dúvidas que o “saldo final para os objetivos que nos propusemos é positivo”.

Resultado do REACT, segundo a gestora de projetos, é o “Curso Piloto REACT”, realizado entre 28 de outubro e 18 de novembro de 2021: “O curso contou com cerca de 20 formandos que, nesta fase piloto, tornaram o processo de adaptação do curso ao contexto nacional mais viável, eficaz e sustentável a longo prazo”. Todos os participantes tiveram a oportunidade de “adquirir novos conhecimentos e obter novas experiências” que poderão, potencialmente, ser aplicadas nas suas atividades do dia-a-dia, refere. Também na Croácia e Grécia foram organizados, pelos respetivos parceiros do projeto, cursos piloto, onde foram testadas outras unidades de competência: “Estes cursos piloto permitiram testar os materiais pedagógicos, aferir oportunidades de melhoria e perceber se os conteúdos se adequam ao contexto de cada país e o nível de exigência do curso”, precisa.

Ao nível de aprendizagens a retirar deste projeto, Ana Filipa Carlos começa por destacar a “necessidade de formação profissional na área da eficiência energética em edifícios”, identificada, desde logo, na abertura das inscrições para o curso piloto, com muitos interessados em quererem participar. Outra das lições que podem ser retiradas do REACT é a “necessidade dos cursos de formação terem cada vez mais uma vertente digital e que os projetos têm de ser flexíveis para se adaptarem ao formato online sempre que necessário”, devido ao atual cenário de incerteza provocado pela situação pandémica, acrescenta.

Apesar do projeto ter chegado ao fim, serão disponibilizados materiais do curso REACT, através do site do projeto, sendo que o curso vai estar disponível para as entidades formadores a nível nacional e internacional em inglês, português, croata e grego.

[blockquote style=”2″]E o futuro?[/blockquote]

“A OesteSustentável deseja que posteriormente, esta qualificação que foi desenvolvida, possa ser integrada no catálogo nacional de qualificações e após o encerramento formal do projeto, irá trabalhar para que o curso possa ser lecionado em Portugal. Outro dos objetivos da OesteSustentável é realizar uma nova candidatura ao Programa Erasmus+ em 2022, que poderá ser enquadrada na área da formação e qualificação profissional no sector da energia”.

A OesteSustentável Agência Regional de Energia e Ambiente da Região Oeste é uma associação sem fins lucrativos, criada em 2010, e constituída por uma equipa técnica composta por Ana Filipa Carlos, Gestora de Projectos, e Rogério Ivan, Director Executivo. Tem como principal objectivo de actuação, a promoção da sustentabilidade energética e ambiental em áreas como a energia, emissões de gases com efeito de estufa, educação criativa, capacitação e inovação, implementando ao nível local e regional, medidas de combate às alterações climáticas. Entidade Embaixadora para o Pacto Europeu do Clima, estima-se que a Agência tenha contribuído para a redução de aproximadamente 15mil ton CO2 desde a sua criação.”