Prolongamento da central nuclear é a maior preocupação da Comissão de Ambiente

O presidente da Comissão Parlamentar de Ambiente considerou esta terça-feira que a maior preocupação em relação ao rio Tejo é a possibilidade de prolongamento da central nuclear de Almaraz, em Espanha, para além de 40 anos.

“Se nós temos uma preocupação com a poluição do rio Tejo, sobre a descarga de material orgânico, agora imagine o que é haver um acidente nuclear. É uma devastação completa, todo o sistema ecológico fica em causa, as comunidades humanas, a agricultura, tudo”, frisou Pedro Soares, em declarações à agência Lusa.

O deputado do Bloco de Esquerda (BE) e presidente da Comissão Parlamentar de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação falava no Cais do Seixalinho, no Montijo, no último dia de visita a municípios que se situam ao longo do rio Tejo.

Através da iniciativa, a comissão concluiu que, apesar do rio apresentar algumas melhorias ao nível da qualidade da água, “continua a haver um conjunto de situações de risco que o pressionam”.

Já na segunda-feira, Pedro Soares tinha mostrado preocupação com o prolongamento da central nuclear de Almaraz para além de 40 anos, com os caudais do rio e a eutrofização da água da albufeira de Cedillo, em Espanha, e também hoje abordou os impactos que o novo aeroporto do Montijo poderá vir a ter no Estuário do Tejo e nas aves que o habitam.

Apesar de considerar todas estas situações como prioritárias, o presidente da comissão adiantou que a “grande preocupação” é a central de Almaraz, até porque “não há experiência, pelo menos na Europa, de centrais nucleares que se prolonguem para além dos 40 anos”.

“É um risco enorme e aquilo que me questiono é se os lucros das empresas energéticas em Espanha justificam um risco tão dramático como esse”, sublinhou.

A visita iniciou-se na segunda-feira, tendo como objetivo o acompanhamento da evolução das situações ambientais detetadas aquando da deslocação realizada por esta comissão na primeira Sessão Legislativa, em abril de 2016, tendo passado por Castelo Branco, Vila Velha de Ródão, Abrantes, Torres Novas (Ribeira da Boa Água), Lezíria Grande e Montijo (Zona de Proteção Especial do Tejo).

Para Pedro Soares, a iniciativa “foi bastante importante e esclarecedora” para obter uma perceção da situação atual do rio Tejo.

“Cada grupo parlamentar tomará as iniciativas que pretender, agora eu acho que o parlamento ficou com muito melhores condições para poder ter essas iniciativas. Além do contributo para que haja uma mobilização da opinião pública dos vários ativismos, que, de algum modo, se relacionem com as questões ambientais e com as questões da defesa do Tejo”, referiu.

Neste sentido, o presidente da comissão indicou que já está a ser desenvolvida uma “resolução sobre a revisão da convenção da albufeira de Cedillo” e espera que, em breve, quando for divulgado o Estudo de Impacto Ambiental sobre o novo aeroporto no Montijo, no distrito de Setúbal, se inicie um debate sobre a influência que poderá ter no rio Tejo.