“Qualidade do ar exige trabalhar com políticas de alterações climáticas e com políticas energéticas”, defendem especialistas

“Qualidade do ar em Lisboa: Medidas implementadas e a implementar” foi um dos temas que esteve em destaque na conferência “Lisboa mais verde e mais saudável: os desafios da poluição atmosférica”. A sessão realizou-se esta terça-feira, no âmbito das celebrações da iniciativa Lisboa Capital Verde 2020. 

Maria João Telhado e Pedro Oliveira, responsáveis da direção municipal do Ambiente, Estrutura Verde, Clima e Energia da Câmara Municipal de Lisboa (CML), fizeram um desenho do panorama atual e do futuro sobre a prestação da capital portuguesa em matérias ambientais. 

De acordo com Maria João Telhado, para que Lisboa se mantenha entre as melhores cidades do mundo para se viver exige “dar continuidade a um investimento” que é feito em “termos de estratégia” sobre um ponto de vista de “políticas globalizantes” bem como “fortalecer parcerias” e “trabalhar para diferentes públicos”, introduzindo “melhores comportamentos e atitudes” e, finalmente, “monitorizar e avaliar” estando num “processo adaptativo constantemente”. Sobre as medidas que a capital tem levado a cabo, a responsável destaca que Lisboa tem acompanhado o que se passa em termos de evolução de partículas e gases: “Existem estações, existem áreas padrões e existem tendências”. Portanto, o “cenário é positivo” mas exige uma “intervenção constante e concertada”, sustenta. 

Todo o trabalho que existe e a monitorização resultam, de acordo com Maria João Telhado, de um “passado e de uma agenda ambiciosa” que Lisboa tem desenvolvido, cujo objetivo passa por “cumprir metas”, definindo “indicadores multidisciplinares valiosas” que permitam “chegar a superar metas ao nível de qualidade do ar”. E a qualidade do ar, reforça a responsável, exige trabalhar com políticas de alterações climáticas e com políticas energéticas: “Ao longo de um percurso vários têm sido os marcos da cidade, as políticas seguidas e os instrumentos aprovados para melhorar em termos de estratégias de adaptação e mitigação para fazer face às alterações climáticas”, sustenta.

O momento serviu, ainda, para Maria João Telhado destacar que a CML, além de estar a finalizar um Plano de Ação Climática, é também membro da Rede de Cidades C40, levando à capital portuguesa a comprometer-se para diferentes horizontes –  2023; 2030; 2050 e 2100 – na “necessidade de se trabalhar clima e energia com a questão da qualidade do ar”, acrescenta. 

Lisboa, enquanto exemplo de boas práticas

Relativamente a medidas implementadas, Pedro Oliveira começou por evidenciar os esforços que a CML tem feito e que, agora, culmina com a pandemia, reconhecendo que a Covid-19 trouxe grandes ensinamentos não só na área da saúde mas também na qualidade do ar: “Neste momento foram implementadas medidas forçosamente que fizeram ver que são possíveis de implementar”. 

Foto: Reuters

Quanto ao problema do NO2 (dióxido de azoto) o responsável destacou que a cidade tem feito um “grande trabalho para cumprir as metas” relativas a um dos principais poluentes na atmosfera. E as medidas centra-se, desde logo, no “reforço da fiscalização das Zonas de Emissões Reduzidas”, na “introdução de planos de mobilidade para grandes polos geradores de deslocações”; na  “revisão do regulamento das operações de Cargas e Descargas”, no “fomento de boas práticas para reduzir as emissões de partículas em obras de construção civil”; e em “planos de medidas S.O.S”. Ainda assim, diz o responsável, a CML tem feito um “caminho paralelo a estes planos”, tendo por iniciativa própria, aumentado as zonas de emissões reduzidas: “Decidimos implementar uma nova zona para a Avenida da Liberdade e Baixa Chiado que vai transformar de forma abruta a dinâmica da cidade”. 

Já sobre as medidas em desenvolvimento, Pedro Oliveira destaca a importância do conhecimento, dando nota que a CML vai “investir numa rede de sensores” para conhecer melhor a qualidade do ar na cidade e, ao mesmo tempo, ter políticas focadas para o local: “São seis projetos que pretendem implementar 200 sensores de qualidade do ar”, afirma. Ainda dentro dos planos está o reforço do “sistema de informação ao público”, com vista a que os cidadãos adotem “medidas mais conscientes”, refere. Para tal, serão “produzidos mapas de distribuição dos vários poluentes”, a “reativação do Canal Lisboa na divulgação de informação sobre os Índices de Qualidade do Ar” e a “atualização de informações no site oficial”. E a isto junta-se o controlo nas fontes: “Vamos utilizar os nosso cemitérios e vamos monitorizá-los melhor, visto que são fontes importantes de poluentes”, bem como, “envolver o aeroporto, metro de Lisboa ou a APL (Administração do Porto de Lisboa)”.

Em nota final, Maria João Telhado diz que o futuro passa exatamente por continuar a “afirmar a cidade de Lisboa” de uma “forma global”, apostando na “partilha”, bem como, “avaliar os efeitos positivos” fazendo com que a cidade seja um exemplo de “boas práticas”.