#Seca: SMAS de Sintra apostam na reutilização de água para combater problemas de seca

Um novo agravamento da situação de seca meteorológica em Portugal já foi anunciado pelo IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera) que, na mesma altura, dava conta que 90% do território nacional se encontrava em seca severa ou extrema a 15 de fevereiro. Face à problemática, o Governo e os municípios já estão a aplicar várias medidas de mitigação

Apesar de na região de Sintra, a situação de seca não ser tão gravosa como em outras zonas do país, nomeadamente o Algarve e o Alentejo, há a “permanente monitorização”, bem como a “ponderação da adoção de medidas”, começa por dizer o diretor Delegado dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Sintra (SMAS de Sintra), Carlos Vieira.

Sendo o concelho de Sintra abastecido, quase na totalidade, pela albufeira de Castelo de Bode, o responsável felicita a decisão do Governo de suspender a produção de energia elétrica na barragem: “A água destinada ao consumo humano é prioritária”. Aliás, na reunião realizada no passado dia 9 de março entre os responsáveis da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e as entidades responsáveis pelas Bacias do Tejo e Ribeiras do Oeste, ficou a garantia de que “não faltará água para consumo humano”, afinca. De entre as várias medidas que foram apontadas como essenciais para mitigar o problema estrutural que é a seca, Carlos Vieira destaca o “incremento do uso de ApR (Água para Reutilização)” para fins não potáveis: “Uma medida onde os SMAS de Sintra foram inovadores, ao criarem em 2005 o projeto EcoÁgua, que visa a reutilização de águas residuais tratadas para fins múltiplos, como a lavagem e higienização de contentores de recolha de resíduos, varrição urbana e lavagem de arruamentos, limpeza e desobstrução de coletores, limpeza de mecanismos da ETAR e desidratação mecânica de lamas”.

Em matérias de ApR, os SMAS de Sintra também aguardam com “expetativa” os resultados de um projeto anunciado pela Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural que vai constituir a “primeira experiência de utilização de ApR na agricultura”, em Loures e Frielas: “Certamente que poderá ser replicado em outras zonas do país e, em particular, no concelho de Sintra, em zonas vincadamente agrícolas como Almargem do Bispo”, refere.

Outro projeto que os SMAS de Sintra estão a trabalhar é, precisamente, num projeto de investigação para estudo dos processos de dessalinização e a sua implementação no município: “O objetivo passa pela construção de uma central de dessalinização, na zona da Praia das Maçãs, que tenha a capacidade de produzir, por dia, cerca de 7.500 m3 de água”. A ideia, tal como indica Carlos Vieira, não passa por assegurar a “autonomia total do concelho de Sintra”, dado o volume da água aduzida no concelho (26.123.069 m3, em 2021), mas, efetivamente, para “responder a situações de catástrofe natural ou interrupção de abastecimento de água”, por períodos de uma semana ou superior, e “assegurar o caudal mínimo de sobrevivência (7.500 m3) para a população do concelho”.

No fundo, a atuação do município de Sintra, em relação à seca, tem-se centrado na promoção do “uso eficiente da água”, nomeadamente na “rega de espaços verdes” e na “lavagem de ruas”, destaca o responsável.

[blockquote style=”2″]”H2OFF – Hora de fechar a torneira!”[/blockquote]

Relativamente à possibilidade de se aplicar regras na “lavagem de ruas” ou na “rega dos jardins”, o diretor delegado dos SMAS de Sintra refere que o concelho já tem preocupações a esse nível, nomeadamente, com a “plantação de espécies arbóreas” que necessitem de menor quantidade de água. Relativamente à rega dos jardins, o responsável dá como exemplo o Parque Urbano Felício Loureiro, em Queluz, que já recorre a furos, não sendo utilizada qualquer água da rede pública.

“Possibilidade de reutilizar água para fins múltiplos”; “Não deixar a água a correr quando se lava os dentes ou as mãos”; “Tomar duches rápidos; reduzir a descarga do autoclismo”; “Reparar fugas na canalização”; “Não desperdiçar água durante a rega” são algumas das mensagens e sugestões  que os SMAS de Sintra vão, cada vez mais, intensificar nas campanhas que promovem. Ainda a propósito do uso eficiente da água, o município de Sintra associa-se ao movimento “H2OFF – Hora de fechar a torneira!”, uma iniciativa da APDA (Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Água). Por ocasião do Dia Mundial da Água (22 de março), o desafio passa por se fechar a torneira por uma hora, sem qualquer consumo de água.