Segundo relatório do Pacto Português para os Plásticos com “balanço positivo”

O segundo relatório do Pacto Português para os Plásticos (PPP) foi apresentado, esta quinta-feira, na Universidade de Coimbra. Os membros do projeto acreditam num balanço positivo, mas sublinham que é determinante reforçar o empenho de todos os colaboradores.

Na apresentação dos dados, levada a cabo por Patrícia Carvalho, coordenadora do PPP, foram destacados os resultados atualizados de cinco metas distintas, definidas pelo pacto para o ano de 2025.

No que respeita à primeira meta, “eliminar os plásticos de uso único considerados problemáticos e/ou desnecessários”, o relatório considera que “as notícias são positivas”. Os dados revelam que a quantidade de embalagens e itens colocados no mercado pelos membros do PPP, em 2021, foi inferior à do ano anterior.

“Dos 4% em 2020, passámos para os 3%, uma redução de 61 toneladas face ao ano de 2020, e que nos aproxima da meta dos 0% traçada para 2025”, afirma Patrícia Carvalho.

A responsável considera que “encontramo-nos mais próximos de eliminar os plásticos problemáticos e/ou desnecessários definidos, sendo que estes vão além da legislação imposta”, assegurando que “os membros encontram-se a trabalhar e estudar formas para eliminar estes itens, tendo em conta a existência de alternativas viáveis, quando necessárias”.

Relativamente à segunda meta, de “100% das embalagens de plástico serem reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis” até 2025, os dados do PPP asseguram que as empresas-membro “têm apostado bastante na investigação e inovação”, estando a trabalhar no ‘design’ de embalagens que facilitem a circularidade dos materiais e que respondam “aos desafios atuais”.

A quantidade de embalagens recicláveis passou de 52%, em 2020, para 57%, em 2021.

Sobre este tópico, a porta-voz do PPP acredita que “estamos a conseguir um bom desempenho relativamente a esta meta, havendo cada vez mais exemplos de reutilização, ‘know-how’ sobre o assunto e projetos em curso”.

Patrícia Carvalho considera ainda que “o peso da iniciativa apoiou alguns movimentos legislativos que vão ao encontro desta meta do Pacto Português para os Plásticos”.

No que toca à meta 3, “70% ou mais das embalagens plásticas serem efetivamente recicladas, através do aumento da recolha e da reciclagem”, o relatório verificou que, em 2020, último ano com dados disponíveis, apenas 34% das embalagens em plástico colocadas no mercado português eram recicladas. Em 2019, eram aproximadamente 36%.

Os membros do pacto acreditam, ainda assim, que as percentagens de 2021 e 2022 serão melhores. Patrícia Carvalho destaca “o investimento que várias entidades, incluindo o PPP”, estão “a realizar em campanhas de comunicação e sensibilização nesta temática” e as “adaptações, mudanças e melhorias que o setor tem vindo a sofrer, no sentido de otimizar a gestão de resíduos, nomeadamente de embalagens de plástico”.

De notas que a redução no número de plástico reciclado reintroduzido no mercado entre 2019 e 2020 se deveu em parte à pandemia de covid-19, “dado que por princípios de segurança e saúde alguns sistemas de recolha e triagem tiveram de alterar a sua abordagem”.

Relativamente à quarta meta, “incorporar, em média, 30% de plástico reciclado nas novas embalagens de plástico”, o relatório do PPP mostra que o valor reportado em 2020 era de 11%, mais um ponto percentual que no ano anterior. No ano seguinte, 2021, “foi reportado o mesmo valor”.

Ainda assim, Patrícia Carvalho considera que esta é a meta do pacto “com mais exemplos de boas práticas por parte dos membros”. Para a coordenadora do PPP, esta meta  “encontra-se bastante dependente das condições de mercado, sendo que se tem verificado um esforço crescente por parte das empresas para incorporar cada vez mais plástico reciclado nas suas embalagens”.

Face aos desafios e obstáculos existentes relativamente à incorporação de plástico reciclado nas novas embalagens de plástico, os membros do PPP procederam à constituição de três ‘task forces’, com os temas “redesenho do sistema de recolha, triagem e reciclagem”, “triagem de plásticos mistos” e “desafios da incorporação por tipologia de polímero”.

Quanto à quinta meta, “promover atividades de sensibilização e educação aos consumidores para a utilização circular dos plásticos”, os membros do Pacto Português para os Plásticos dizem estar a apostar “bastante” em atividades de sensibilização e educação nas temáticas da reciclagem dos plásticos e dos princípios da economia circular aplicados às embalagens desde o início da iniciativa.

A campanha de comunicação “Recicla o Plástico” e o projeto de educação “Vamos Reinventar o Futuro” são dois exemplos, e terão continuidade em 2023.

“Acreditamos que estas atividades devem ser contínuas, por forma a que estejamos todos alinhados no sentido de acelerar o progresso para uma economia mais circular, transferindo conhecimento, melhores práticas e aprendizagens”, defende Patrícia Carvalho.

Desde o início de 2020, várias empresas, associações, ONG, universidades e o Governo comprometeram-se com a visão e os objetivos do Pacto Português para os Plásticos, uma iniciativa liderada e coordenada pela Associação Smart Waste Portugal, que pretende pôr fim à poluição por plásticos, através da transição para uma economia circular.

Atualmente, colaboram com o Pacto Português para os Plásticos mais de 110 entidades nacionais.