Sensihemp quer renascer tradição dos têxteis de cânhamo

Nasce da necessidade de mudança e de fazer renascer a tradição dos têxteis de cânhamo em Portugal. É assim que a Sensihemp se afirma no mercado: “uma marca de moda que gera impacto através da gama de produtos que oferece”. Idealizado por Marta Vinhas, o projeto nasce da vontade de mudar o paradigma da indústria têxtil: “Trabalhei durante 20 anos nesta indústria e, facilmente, me apercebi do impacto negativo que a mesma tinha, quer ao nível ambiental quer ao nível social”.

Foi após o envolvimento num projeto chamado “Cabril Eco Rural” promovido por uma colega, onde surgiu a oportunidade de trabalhar o ciclo do Linho – do semear ao tear – e, posteriormente, a participação na Cannadouro (Feira Internacional do Cânhamo), que começou a surgir o interesse pela planta: “(Na feira) tive a oportunidade de visitar um museu etnográfico do processamento da fibra de cânhamo e, além de ter percebido que o linho e o cânhamo eram fibras primas, também o cultivo do cânhamo tem um impacto muito positivo meio ambiente”. Deste então, “aprendi sobre as propriedades naturais da fibra que tornam os têxteis incomparáveis face a outras fibras” e, assim, “começou a surgir os primeiros “insights” de criar a Sensihemp”, adianta.

Tratando-se de uma “marca com impacto”, a Sensihemp não segue tendências e não lança coleções, apenas projeta peças que sejam intemporais: Somos uma marca em que o cânhamo se encontra em todos os nossos artigos”. E o apelo passa sempre por “compras conscientes” com artigos de “baixo impacto ambiental” com “zero plástico, vegan e produzidos de forma ética com alta qualidade e que garantam um longo período de vida”, assegura a fundadora

No que diz respeita aos valores ambientais, a Sensihemp quer ser uma marca neutra em carbono: “Somos Fair Trade, Made in Portugal com objetivo zero waste”. Neste desígnio, Marta Vinhas refere que os “tintos” usados nos artigos são naturais e o cânhamo é a principal matéria prima utilizada: “É uma planta que regenera os solos, tem zero emissões, é biodegradável e, apenas, necessita de água da chuva para crescer”. Mas, os benefícios do cânhamo não se ficam por aqui, tendo uma grande utilidade para fazer “plástico, roupa, comida, concreto, medicamentos ou biocombustível”, refere a responsável, acrescentando tratar-se de uma “fibra extremamente resistente e fácil de misturar com outras”. Contudo, a paragem desta fibra na indústria têxtil em Portugal resultou na “falta de desenvolvimento tecnológico e industrial” e, consequentemente, na “falta de conhecimento” sobre a planta: “Quando quis fazer malha de cânhamo em Portugal, os malheiros não sabiam qual a fibra que me estava referir, algo que dificultou a produção de malha com uma boa percentagem em cânhamo”, exemplifica.

[blockquote style=”2″]Denunciar o Greenwashing[/blockquote]

Apesar de ter nascido em setembro de 2021, a Sensihemp já marcou presença em alguns eventos, como a Urban Market ou a Cannadouro (Feira internacional do Cânhamo): “Sendo um projeto muito recente e com um website há poucos dias, posso fazer um balanço bastante positivo”. Ainda assim, o “desconhecimento” sobre o cânhamo é algo que necessita de ser combatido: “É necessário informar e desmistificar”, apela.

Sobre a moda sustentável em Portugal, Marta Vinhas considera que a pandemia despertou consciência por parte dos consumidores para estas questões, mas há ainda um longo caminho a percorrer: “É preciso educar as pessoas, responsabilizar as marcas, e adotar planos de ação que consigam mudar o rumo da indústria da moda. E é preciso produzir menos, comprar menos e usar por muito mais tempo”. Ao país falta, precisamente, “fiscalizar a gestão dos resíduos têxteis e dos resíduos”, assim como “regulamentar os preços aplicados pelas grandes cadeias de moda” que se afirmam como “Fair Trade e Sustentáveis” e, que na realidade, “exploram e escravizam toda a cadeia de produção”. No fundo é: “Denunciar o Greenwashing”, alerta. Tão importante é “apoiar modelos de negócios” que integram políticas “zero waste” e que usam “materiais regenerativos”, defende a fundadora da Sensihemp

O que desejam para o futuro?

“Desejamos inspirar as pessoas e outras marcas a seguirem o nosso caminho: Respeitar o nosso planeta e a valorizar as pessoas.”