Será a Inteligência Artificial uma oportunidade para a sustentabilidade empresarial?

Por Tiago Carrilho, Diretor de Conhecimento e Formação no BCSD Portugal

Esta pergunta tem uma resposta dupla: a Inteligência Artificial (IA) pode ser uma das maiores alavancas para acelerar a transição sustentável – se for usada com estratégia – e pode também amplificar impactos ambientais e sociais se deixarmos a sua expansão sem governança apropriada e adequada ao nosso modelo de negócio, empresa e setor.

Se considerarmos um tópico ambiental como as alterações climáticas, a IA permite quantificar e modelar emissões com granularidade (desde linha de produção a fornecedores), otimizar frotas e consumos energéticos em tempo real, e priorizar intervenções tendo em conta o ROI. O uso de IA pode estender-se a várias áreas dentro das empresas. Algumas estão a usar IA para mapear riscos na cadeia de fornecimento, reduzir desperdício e automatizar reporte ESG, libertando tempo e capital para iniciativas de impacto. Ainda no sentido das oportunidades, a IA pode criar melhorias sociais reais: gera novas profissões e competências (engenharia de dados, auditoria algorítmica, ciência de decisões), torna serviços públicos e privados mais acessíveis (ex.: ferramentas de acessibilidade, triagem médica assistida), e melhora segurança e condições de trabalho graças à manutenção preditiva e à monitorização inteligente.

Por outro lado, não podemos ignorar o facto de que a procura energética dos centros de dados está a disparar – projeta-se um aumento significativo até 2030 – e que há desafios práticos: a correspondência entre energia renovável contratada e consumo local, a transparência de emissões e o risco de soluções superficiais (greenwashing). Existem também outros riscos que não podem ser ignorados, como a substituição de tarefas que provoca perda de emprego sem planos de transição, decisões automatizadas com enviesamentos que replicam exclusões, práticas de vigilância que minam confiança, e problemas de equidade no acesso às soluções tecnológicas.

Apesar desta dicotomia entre oportunidades e riscos, a solução não é rejeitar a IA, é inovar e governar. Para garantir a integração da IA e sustentabilidade é necessário criar métricas para impactos sociais e ambientais, auditar algoritmos, otimizar modelos (eficiência computacional), proteger a privacidade e envolver stakeholders locais, escolher infraestruturas limpas, e alinhar toda a estratégia com incentivos e metas de longo prazo.

Em conclusão, a IA é uma grande oportunidade, mas apresenta desafios e riscos que não podem ser ignorados. Para a construção de empresas mais resilientes e competitivas a combinação entre IA e sustentabilidade terá de ser o caminho a percorrer, mas sem nunca tirar os olhos da criação do impacto positivo para as pessoas e planeta.

Foi com esta visão que a Academia BCSD Portugal, em parceria com a NTT Data, desenhou uma formação intitulada “Sustentabilidade e Tecnologia”, que pretende explorar esta relação entre a sustentabilidade e a inovação tecnológica, e como diferentes tecnologias podem impulsionar a sustentabilidade.

(Este texto foi gerado numa parceria entre inteligência artificial e natural)
Este artigo está associado à Masterclass BCSD Portugal “Sustentabilidade e Tecnologia”, que vai acontecer a 14 de outubro. Saiba mais aqui.