Setor da construção é responsável por 40% das emissões anuais de carbono

O estudo “Scaling Low-Carbon Design and Construction with Concrete: Enabling the Path to Net-Zero for Buildings and Infrastructure”, realizado pela Boston Consulting Group (BCG) com o World Economic Forum (WEF), revela que o setor da modernização e construção de edifícios e infraestruturas é responsável por 40% das emissões anuais de carbono a nível mundial, correspondente a cerca de 15 gigatoneladas.

A produção de materiais de construção é responsável por cerca de 15 a 20% das emissões em edifícios e 50 a 60% na construção de infraestruturas, embora os valores variem de acordo com cada projeto. O cimento destaca-se, representado cerca de 30% das emissões destes materiais e 7% das emissões globais de carbono. O estudo revela que, para reduzir a pegada ecológica dos edifícios e infraestruturas, é necessário analisar o fabrico e utilização do cimento.

A redução das emissões de carbono nos edifícios e infraestruturas exige uma rápida ação, ou seja, a medição das emissões de carbono durante a realização do projeto e a utilização dos respetivos dados para melhorar decisões de design. Monitorizar o seu progresso não é uma norma na indústria, em parte, por causa da complexidade da avaliação do ciclo de vida do carbono, mas também pode devido à falta de mandatos para a medição de carbono por parte de governos, clientes e empresas.

Além disso, a fragmentação da cadeia de valor da construção impede a redução das emissões. Os projetos passam por diferentes fases, sendo tratadas por diferentes equipas e empresas, muitas vezes com uma coordenação limitada, o que limita a visibilidade das cadeias de abastecimento e cria entropia na partilha de informação.

O estudo apresenta uma estratégia dividida em sete partes, capaz de ajudar clientes, governos e empresas nas áreas de Arquitetura, Engenharia e Construção a ultrapassar os desafios sistémicos que impedem a construção de ser uma indústria com baixo teor de carbono:

  • Avaliar de forma consistente as emissões durante o ciclo de vida, obtendo dados detalhados ao nível do produto (DPE) que ajudem a tomar decisões incorporando as emissões de carbono nas mesmas.
  • Envolver as diferentes entidades da cadeia de valor, melhorando a visibilidade da cadeia de abastecimento e compreendendo as capacidades e restrições dos diferentes parceiros.
  • Reduzir o risco através da testagem e projetos-piloto, acompanhando a performance de soluções com baixo teor de carbono e envolvendo clientes e organizações relevantes na atualização de códigos e normas.
  • Evoluir o modelo operacional, dando prioridade à implementação e medição de soluções com baixas emissões.
  • Sinalizar aos mercados a ambição de redução carbónica, pressionando assim os elementos a jusante na cadeia de valor para investirem em tecnologias e processos produtivos que permitam atingir essa ambição.
  • Incorporar níveis de emissão no procurement e estabelecendo metas de redução da pegada ecológica, incrementado assim o sourcing proveniente de materiais verdes.
  • Estabelecer políticas públicas de apoio que acelerem o progresso e que incentivem a adoção de soluções geradoras de menos emissões.