Setor da Distribuição quer seu neutro até 2040

Mobilizar os associados, independentemente da sua dimensão e área de atividade, em torno de uma ação coletiva que leve à descarbonização das atividades do setor até 2040 é o objetivo central do Roteiro para a Descarbonização do Setor da Distribuição, uma iniciativa promovida pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED).

Esta iniciativa, apresentada ao público esta quinta-feira, 12 de outubro, no Centro Cultural de Belém, é um novo passo do setor no domínio da sustentabilidade e ação climática e pretende ser uma referência, de base voluntária, que leve as empresas associadas a integrarem compromissos na sua estratégia de negócio para que, de forma coletiva, contribuam para a redução da pegada de carbono do setor.

O Roteiro para a Descarbonização do Setor da Distribuição, elaborado em colaboração com a PwC, espelha a vontade do setor em ser ativo na resposta aos desafios climáticos: “Somos um setor que está na linha da frente nesta ação coletiva, que quer deixar um futuro às próximas gerações e que está ciente dos complexos desafios que a urgência climática nos coloca. Desempenhamos um papel central na cadeia de valor e temos uma responsabilidade acrescida de dar o exemplo no domínio da sustentabilidade. Por isso, entendemos ser o momento certo para dar um novo passo neste domínio, materializado num plano de ação concreto, como é este Roteiro”, declara Isabel Barros, presidente da APED, citada num comunicado.

Ao longo dos últimos 10 anos, os associados da APED têm implementado medidas que promovem a descarbonização da economia, nomeadamente “medidas de ecoeficiência”, que permitiram uma “redução de 30% no consumo de eletricidade por metro quadrado de área de venda”, o “investimento do setor na produção própria de energia renovável”, o “fomento da mobilidade sustentável” e a “adoção de modelos circulares de produtos e serviços”, com enfoque em “práticas de ecodesign e de gestão de resíduos”, lê-se no mesmo comunicado.

“Ao histórico que temos de boas práticas sustentáveis juntamos agora um apelo a uma ação coletiva assente numa plataforma clara e objetiva, que analisou tendências, identificou as melhores práticas e permitiu chegar a um diagnóstico para definir eixos de atuação e compromissos. O Roteiro para a Descarbonização não é um fim em si mesmo, mas sim o início de uma jornada colaborativa, à qual se juntarão ainda mais empresas do setor”, conclui a presidente da APED.

Carta de Princípios é trave-mestra do Roteiro para a Descarbonização

A adesão à Carta de Princípios constitui o primeiro passo a cumprir por todas as empresas que queiram integrar o Roteiro para a Descarbonização do Setor da Distribuição. Os princípios que suportam este documento são:

  • Visão (Alinhar os objetivos e compromissos do Roteiro com os objetivos estratégicos da empresa no curto, médio e longo prazo, no sentido de definir uma ambição comum partilhada ao longo da cadeia de valor);
  • Ação (Implementar medidas focadas na execução dos compromissos de descarbonização, medir e monitorizar o desempenho da atividade da empresa e progresso anual, visando a redução das emissões de GEE nas próprias operações e, sempre que possível, ao longo da cadeia de valor);
  • Responsabilidade (Adotar os compromissos assumidos na Carta de Princípios, nos prazos estabelecidos pelo Roteiro, garantindo que são implementadas as medidas necessárias para atingir os objetivos: comunicar atempadamente a informação solicitada para monitorização anual da APED);
  • Colaboração (Fomentar a partilha de conhecimento e o trabalho conjunto com a APED, cooperando com as empresas signatárias da presente carta).

De acordo com a APED, a adesão é voluntária e pressupõe a execução dos compromissos mínimos listados para a Descarbonização do Setor da Distribuição, de acordo com a dimensão da empresa. Dos 39 compromissos do Roteiro abrangidos pela Carta de Princípios, as empresas deverão assumir um pacote de compromissos mínimos: “para Pequenas e Médias Empresas (PME) são 10 compromissos mínimos; para as restantes empresas são considerados 7 compromissos adicionais, totalizando 17 compromissos mínimos”. Os restantes compromissos são voluntários, cabendo às empresas selecionar um conjunto dos mesmos, alinhados com as oportunidades da empresa e a sua ambição, explica a APED.

Os compromissos do Roteiro deverão ser assumidos nos prazos definidos: curto prazo (2025), médio prazo (2030) e longo prazo (2040). A calendarização definida para cada um dos compromissos estabelece o prazo limite no qual as empresas deverão assumir os compromissos, cabendo a cada empresa signatária integrar essa calendarização no seu plano de ação.

A APED assume-se como parceira neste caminho para a descarbonização, fornecendo às empresas aderentes um guião de tecnologias e boas práticas, uma ferramenta de cálculo das emissões de âmbito 1 e 2 e de autodiagnóstico das emissões do tipo 3 e uma ferramenta de diagnóstico individual, que tem por objetivo monitorizar e acompanhar a implementação do Roteiro.