Setor energético representou cerca de 1/4 do consumo nacional da madeira em 2021

O consumo de madeira de pinho em Portugal, em 2021, foi de 4,1 milhões de m3 sem casca. Este indicador representa um aumento de 1,3% face a 2020 e reflete uma manutenção da tendência dos últimos 5 anos, revela o Centro PINUS, num comunicado.

Relativamente à distribuição por subsetores, a serração continuou a ser o setor com mais expressão com 41% do consumo de madeira em 2021. As indústrias de trituração de alto valor acrescentado (painéis e papel de embalagem) representaram 31% do consumo total no mesmo período, enquanto o setor energético (pellets e biomassa) representou 24%, partilha a Associação.

De acordo com o Centro PINUS, a serração foi o único setor que aumentou o consumo de madeira  em 2021, com um crescimento de 7%. Em contrapartida, os setores de papel de embalagem e de pellets diminuíram o consumo, respetivamente, em 3 e 15%.  Já os setores da madeira para tratamento e biomassa mantiveram os valores do ano anterior.

O Centro PINUS estima que o défice estrutural de madeira, isto é, a quantidade disponível para corte na floresta, continuou a representar 57% do consumo industrial em 2021. Esta escassez deve-se, sobretudo, ao declínio dos recursos florestais, mais evidente para o pinheiro-bravo, espécie em que o volume em crescimento registou um decréscimo de 37% entre 2005 e 2019, lê-se no comunicado.

Este contexto obrigou à importação de madeira pelos atores da Fileira. No universo de associados do Centro PINUS, 26,7% da madeira de pinho foi importada.

Este défice estrutural de madeira, associado à conjuntura económica decorrente da pandemia, tornou-se especialmente notório no segundo semestre de 2021, com muitas empresas da Fileira a enfrentarem grande dificuldade de abastecimento para manterem a atividade.

A incorporação crescente de reciclados como matéria-prima é uma dinâmica de economia circular que contribui para atenuar o efeito do défice de madeira nos setores de painéis e papel de embalagem. Em 2021, verificou-se um aumento de 19% do consumo de resíduos de madeira e de 2% no papel e cartão reciclados por empresas da Fileira do Pinho.

No mesmo comunicado, o Centro PINUS considera muito preocupante que “o setor energético tenha representado cerca de 1/4 do consumo nacional da madeira”, numa “clara inversão” do princípio de uso em cascata, em que a “queima deve ser a última e não a primeira utilização”.