Setúbal chumba contas da AMARSUL e fala em “quadro de insustentabilidade no setor dos resíduos”

A Câmara Municipal de Setúbal votou contra o Relatório e Contas de 2023 da Amarsul, na Assembleia Geral que decorreu em março. Esta é mais uma forma de contestação do município relativamente à fraca qualidade de serviço prestado pela Amarsul e ao aumento abusivo do valor da tarifa cobrada pela empresa aos municípios, posição que o executivo setubalense tem vindo a assumir.

Carlos Rabaçal, vereador da CMS e Presidente dos Serviços Municipalizados de Setúbal, que representa o município na Assembleia Geral da Amarsul, explica: “não podia ser de outra forma. Está criado um quadro de insustentabilidade no setor dos resíduos, que ninguém quer admitir. A Amarsul foi uma empresa pública durante 17 anos, ao longo dos quais teve uma situação económica e financeira equilibrada. Não é a situação que se verifica hoje, ao mesmo tempo que a qualidade do serviço prestado ao cidadão está a baixar e as tarifas continuam a aumentar brutalmente. Não vamos compactuar com isto, porque no final é o munícipe que é prejudicado de todas as formas”.

Na declaração de voto, igualmente assinada pelos Municípios de Palmela, Seixal e Sesimbra, é especificado que “as autarquias são constantemente confrontadas com o problema criado pela empresa concessionária”, cujo serviço de recolha de materiais recicláveis “tem vindo a piorar e muitas vezes não é prestado com o nível de qualidade exigível e adequado às populações, motivando a sua intervenção e assunção dos correspondentes encargos”.

Entre as falhas do serviço apontadas pelos municípios destaque para as periodicidades desajustadas na recolha de ecopontos e vidrões e deficiente limpeza da envolvente dos mesmos; falta de capacidade da empresa concessionária em acompanhar a implementação de novos circuitos porta a porta; incapacidade de resposta na recolha seletiva porta a porta dos comerciantes; demora prolongada por parte da concessionária na manutenção dos contentores semienterrados e enterrados; e falta de investimento em novos ecocentros.