Sondagem: Alemanha, França, Itália, Portugal e Grécia querem proibição imediata do glifosato

O grupo de consumidores SumOfUs incita a União Europeia a votar “não” no que se refere à renovação do licenciamento, pelo prazo de 10 anos, do herbicida químico “Roundup” da Monsanto.

Uma nova sondagem independente divulgada hoje pelo SumOfUs, um grupo de consumidores global, e pelo movimento de cidadãos WeMove.EU, apurou que a esmagadora maioria dos cidadãos da Alemanha, França, Itália, Portugal e Grécia apoiam a proibição imediata do glifosato, um pesticida encontrado no popular herbicida da Monsanto denominado “Roundup”, que tem vindo a ser associado a casos de cancro. Em 2015, a Agência Internacional para a Investigação do Cancro (IARC), uma agência intergovernamental que faz parte da Organização Mundial de Saúde das Nações Unidas, declarou o glifosato “provavelmente cencerígeno”.

No dia 25 de outubro, os estados membros da UE deverão encontrar-se em Bruxelas e votar sobre a renovação do licenciamento do glifosato na Europa durante o prazo de 10 anos.

Mais de um milhão de pessoas assinaram uma petição oficial de Iniciativa de Cidadania Europeia (ICE) para apoiar a proibição do glifosato, iniciativa essa que apela à UE, não só a proibir a substância, mas também a remodelar o processo de aprovação de pesticidas da UE e a estabelecer metas obrigatórias com vista a reduzir a utilização de pesticidas na UE. Apresentada no início deste ano, a iniciativa é a ICE com o crescimento mais acelerado de toda a história, bem como a quarta, desde sempre, a ser enviada com êxito para a Comissão Europeia. Agora, a Comissão Europeia encontra-se legalmente obrigada a responder aos pedidos dos europeus e a ter em conta a sua opinião nas suas próximas decisões.

No mês passado, o The Guardian relatou que a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (AESA) fez uma recomendação, considerando o glifosato seguro para utilização pública, com base num relatório constituído por cópias e colagens (“copy and paste”) de análises de um estudo da Monsanto.

De acordo com a sondagem financiada através de “crowdfunding” por milhares de apoiantes das bases da Iniciativa de Cidadania Europeia (ICE), 80% dos alemães, 79% dos franceses, 84% dos italianos, 77% dos portugueses e 81% dos cidadãos gregos são terminantemente contra a utilização do glifosato — e a favor de uma proibição imediata. Tendo em conta o recente escândalo de “copiar e colar” que envolveu a Efsa e a Monsanto, os resultados também indicam uma preocupação crescente entre os europeus quanto à independência das avaliações sobre as quais se irá basear a próxima votação.

David Norton, militante do SumOfUs, declarou que “os europeus estão fartos do glifosato e disseram isso de forma clara e inequívoca. Agora, os governos devem defender com firmeza a agricultura progressiva e a segurança pública. Chega de extensões de licenças da UE ou meias medidas para acalmar os gigantes da indústria agroquímica. O povo de toda a Europa exige a proibição imediata do glifosato.”

“A nossa sondagem também mostra que uma maioria significativa de cidadãos desconfia da independência da avaliação do risco por parte da Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar, no que se refere à utilização pública do glifosato, a qual “copia e cola” análises, palavra por palavra, diretamente da Monsanto. Os cidadãos devem poder confiar nessas instituições para obterem informações precisas, mas este escândalo fez com que isso passasse a ser difícil. Mais de 1 milhão de europeus tomaram posição contra o glifosato, através da assinatura de uma petição oficial da UE a pedir a proibição, e está na hora de a nossa voz ser ouvida.”