SPEA promove a conservação da floresta da Madeira

Foram já várias as metas alcançadas com o projeto Life Fura-bardos. Mas a monitorização desta espécie e dos seus ninhos, a conservação do seu habitat de Laurissilva e a realização de ações de educação ambiental, ficam em causa pela falta de verbas. A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) reforça o apelo nesta altura para a participação no crowdfunding que está a decorrer.

Em três anos, o Life Fura-bardos permitiu o controlo de espécies invasoras em 64 hectares de floresta e a limpeza de 36 hectares de floresta ardida, posteriormente reflorestada. Para a reflorestação destas áreas, o projeto permitiu a produção de 350kg de sementes que originaram cerca de 60.000 plantas nativas.

A reflorestação da floresta Laurissilva da Madeira “é importante para assegurar a conservação do fura-bardos, uma ave enigmática da Laurissilva. É nesta floresta onde a espécie encontra abundância de alimento e, consequentemente constrói os seus ninhos”, refere o comunicado.

“Faltam ser produzidas cerca de 10.000 plantas nativas para colmatar falhas na próxima época, em zonas vulneráveis onde é extremamente crucial intervir”, refere Marta Nunes, uma das técnicas da SPEA Madeira.

A monitorização da espécie e a recolha de amostras nas áreas de nidificação tem permitido o estudo de uma ave que, até ao início deste projeto, era desconhecida. O avanço científico tem vindo a verificar-se, culminado este ano na III Reunião da Comissão Científica do Life Fura-bardos, seguido do Workshop para Revisão do Plano de Ação do Fura-bardos, que permitiram a elaboração de um plano para manter um estatuto de conservação favorável à espécie no futuro.

Cátia Gouveia, coordenadora do projeto, salienta a importância da participação neste crowdfunding: “Parte destes 55 mil euros irão permitir a monitorização das áreas de nidificação da espécie durante a sua época reprodutora”. “Para que o plano de conservação do fura-bardos seja mais eficaz e pormenorizado, é necessário um estudo no terreno sobre a ecologia da espécie e as ameaças à sua conservação”, salienta.

A par dos trabalhos de estudo e conservação, “a sensibilização ambiental já chegou a quase 10 mil pessoas durante três anos”. Durante as ações de 2016, “a educação ambiental chegou a 2000 alunos através de exposições, palestras, ateliers e atividades de plantação de árvores da Laurissilva. É também necessário finalizar os trabalhos de sensibilização com os agricultores, para a compatibilização das atividades agrícolas com a sobrevivência do fura-bardos”, acrescenta o comunicado.