Sustentabilidade ambiental já “manda” em mais de 2.500 empresas têxteis e de vestuário
O Setor do Têxtil e Vestuário (STV) reforçou a liderança na sustentabilidade com mais empresas participantes, mais indicadores reportados e mais maturidade na leitura estratégica dos dados no terceiro Relatório de Sustentabilidade, desenvolvido no âmbito do projeto be@t – Bioeconomia no Têxtil e Vestuário e apoiado pelo Programa de Recuperação e Resiliência (PRR).
Entre os principais resultados do Relatório, divulgado pelo CITEVE, coordenador do consórcio de 60 entidades que está a executar o be@t, destaca-se o aumento de 13% no número de certificações ambientais emitidas, totalizando 2.526 certificações, sinal inequívoco do reforço das práticas responsáveis ao longo da cadeia de valor. E é de sublinhar que estamos perante uma amostra representativa do setor, ou seja, o número global de certificações emitidas será bastante superior.
Mas, mais do que números, o documento espelha a evolução dos principais indicadores de desempenho ESG (ambientais, sociais e de governança) ao longo dos últimos anos, refletindo assim um setor que evolui com determinação e reforça os seus compromissos neste domínio ao mesmo tempo que valoriza a sua reputação.
“O que este terceiro Relatório de Sustentabilidade evidencia é claro: mais empresas a reportar, mais métricas, mais transparência, mais maturidade. Com mais empresas a participar neste exercício, tem-se um sinal de que o setor já não olha para a sustentabilidade como um instrumento ativo de posicionamento comercial, mas como infraestrutura crítica de competitividade”, destaca Braz Costa, diretor-geral do CITEVE.
Neste terceiro ano de reporte, foram 105 as empresas que aceitaram o desafio de participar no relatório, um aumento de 36% face ao primeiro ano de reporte, representando agora a amostra mais de 15.800 empregos.
O setor registou ainda melhorias consistentes em:
- eficiência energética – apesar do aumento de 6% no número de empresas que reportam o indicador relativo ao consumo total de combustíveis renováveis e não renováveis, registou-se uma redução de cerca de 6% neste consumo;
- incorporação de materiais reciclados e orgânicos – mais de 11% dos materiais utilizados pelas empresas foram materiais reciclados, representando um aumento de 3%, e cerca de 25% foram de origem orgânica ou biológica, refletindo um aumento de cerca de 4%.
No que toca à adesão a práticas de química segura, 68% das empresas reportam ter reduzido o consumo de produtos químicos, o que representa um aumento de 4% face a 2023. Verifica-se, igualmente, um maior número de empresas a reportar este indicador (90%).
Por outro lado, 79% das empresas investiram na substituição de produtos químicos por outros menos nocivos, representando um aumento de 6% em relação a 2023. Paralelamente, a percentagem de empresas que reportam este indicador também subiu 8 pontos percentuais para 88%.
“Globalmente, a comparação com os relatórios anteriores, publicados em 2023 e 2024, permite concluir que o STV está a passar de forma consistente de um exercício de diagnóstico para um modelo de gestão estruturada da sustentabilidade enquanto fator de competitividade”, conclui o diretor-geral do CITEVE.
Os progressos registados ocorrem num contexto económico exigente: em 2024, as exportações do STV atingiram 5.576 milhões de euros, uma ligeira retração de 3% (menos189 milhões) face a 2023, refletindo a instabilidade geopolítica, a contração da procura internacional e as tensões nos mercados europeus. Ainda assim, os indicadores de sustentabilidade continuaram a evoluir de forma positiva, reforçando a ideia de que a transição verde é também uma estratégia de resiliência industrial.
O novo Relatório de Sustentabilidade sublinha ainda o papel crescente da bioeconomia como eixo estratégico do futuro do setor, permitindo reduzir dependências externas, valorizar recursos locais e alinhar a indústria portuguesa com as exigências das marcas globais e da regulação europeia.