Tchernobil: Uma reserva natural com uma lixeira nuclear no centro

O que fazer com Tchernobil, 30 anos depois do pior acidente nuclear da História? Animais e plantas reconquistaram em força os mais de quatro mil quilómetros quadrados da zona de exclusão na Ucrânia e na Bielorússia, onde se concentraram as cinzas radioativas da explosão de um dos reatores da central, por isso fala-se na criação de uma reserva natural. Mas, diz o Público, também há planos para criar uma lixeira nuclear ao lado deste paraíso de vida selvagem que durantes muitos e muitos séculos continuará contaminado pela radioatividade. O difícil é fazer uma escolha que se possa pagar e de que se possa garantir o futuro.

Marina Shkviria descobriu uma alcateia de lobos perto de uma das centenas de povoações abandonadas após a explosão do reator 4 da central de Tchernobil, no norte da Ucrânia, a 26 de abril de 1986, na então União Soviética. Só na Bielorússia 70 povoações foram permanentemente enterradas, por terem ficado tão radioativas. “Viemos aqui na Primavera passada e uivámos. As crias responderam, do cimo daquele monte”, contou a especialista em lobos da Academia Nacional de Ciências da Ucrânia à National Geographic.

Estes grandes mamíferos tornaram-se ainda mais comuns na região do que nas décadas de 1950 e 1960.

Hoje, no raio de 30 Km em torno da central nuclear acidentada, há alces, bisontes, ratos-de-campo, águias-de-cauda-branca, andorinhas e outras aves, lebres, imensos castores, linces, ursos castanhos e até uma manada de cavalo de Przewalski, uma subespécie de cavalos selvagens, que foi reintroduzida na Bielorússia, quando criou um parque natural – a Reserva Radioecológica Estatal de Polésia. Em biodiversidade houve uma recuperação espantosa, considerando que a região continua radioativa.

Seria aceitável criar aqui uma lixeira nuclear, no raio dos 10 Km mais próximos da central, para depositar os subprodutos do combustível usado nos 15 reatores que a Ucrânia tem ainda em funcionamento?

A Ucrânia é o país que mais depende do nuclear – cerca de 60% da eletricidade que consome provém das suas centrais envelhecidas – e não tem intenções de desistir desta forma de energia.