Por André Pedro, cofundador e CEO do Manie
No Dia Mundial da Energia (29 de maio), é urgente refletirmos sobre o papel que a energia desempenha na nossa vida quotidiana, quer enquanto recurso básico, quer como motor de inclusão e justiça social. Ainda hoje, milhares de famílias em Portugal enfrentam dificuldades em manter as suas casas aquecidas no inverno ou frescas no verão. A pobreza energética é uma realidade silenciosa, mas com impacto profundo na saúde, no bem-estar e na dignidade das pessoas. Enfrentar este desafio, enquanto sociedade civil, governo e empresas, exige o desenvolvimento de medidas práticas e acessíveis, apoiadas por tecnologia que simplifique e aproxime.
Garantir tarifas de energia justas e acessíveis é um dos primeiros passos. A complexidade do setor energético, os contratos pouco transparentes e a fraca literacia energética, deixam muitos consumidores sem meios para tomar decisões informadas. É nesse contexto, que a automatização de processos pode ajudar. Ou seja, ferramentas digitais que analisam o perfil de consumo, comparam ofertas disponíveis e facilitam a mudança de fornecedor, sem burocracias ou linguagem técnica, são cada vez mais essenciais para garantir a igualdade de acesso às melhores soluções. Numa altura em que o preço da energia pesa cada vez mais nos orçamentos familiares, este tipo de apoio faz toda a diferença.
A gestão inteligente do consumo é outro pilar crucial. Aqui, mais uma vez, a digitalização tem a vantagem de permitir que cada pessoa acompanhe os seus padrões de consumo em tempo real, identifique eventuais desperdícios e ajuste comportamentos de forma consciente. Ao transformar dados em decisões, estas soluções tornam-se verdadeiramente capacitadoras. Em suma, podemos deixar de ser consumidores passivos e para passarmos a gerir a energia que gastamos com maior autonomia. É esta mudança de mentalidade, de reação para ação, que tem a chave para uma transição energética que envolva realmente os cidadãos.
Contudo, para que a inovação tecnológica e digital no setor energético tenha impacto, é essencial que seja pensada para todos. Transparência, usabilidade e apoio ao cliente são as palavras de ordem. As ferramentas digitais têm de ser simples, intuitivas e inclusivas, especialmente para quem tem menos literacia digital, mas não só. Vivemos todos num mundo apressado e cheio de solicitações pessoais e profissionais – os produtos e serviços que não sejam imediatos, inclusivos e facilitadores do dia a dia não vingam. A tecnologia tem de ser uma ponte, e não mais uma barreira
Acredito que a transformação do setor da energia passa por plataformas automatizadas, avisos personalizados, comparadores de tarifas acessíveis e, sobretudo, pela garantia de que o consumidor tem sempre voz e escolha.
A digitalização do setor energético é uma oportunidade estratégica para combater desigualdades e acelerar a transição energética ao mesmo tempo que se constrói um mercado mais justo e transparente. No Dia Mundial da Energia, importa lembrar que a sustentabilidade vai além do ambiente. Deve ser económica, social, cultural e tecnológica, começando por decisões inteligentes, automatizadas e centradas nas pessoas.