Telescópio Solar Europeu começa a funcionar em 2027 com participação portuguesa

O futuro Telescópio Solar Europeu (EST), que tem participação portuguesa e foi apresentado esta quinta-feira em Coimbra, deve entrar em atividade em 2027 nas ilhas Canárias (Espanha) para estudar a influência do Sol sobre a Terra.

De acordo com a Agência Lusa, a partir dos dados científicos proporcionados pelo EST (sigla em inglês), as entidades envolvidas no projeto pretendem “investigar os impactos da atividade solar nas pessoas e em geral na vida do planeta, bem como nos equipamentos tecnológicos, por exemplo”.

O novo Telescópio Solar Europeu foi apresentado a cientistas e empresários no âmbito do Portugal EST Day, um evento em formato ‘webinar’ organizado pela Universidade de Coimbra (UC), através do Observatório Geofísico e Astronómico (OGA) e do Centro de Investigação da Terra e do Espaço.

O empreendimento, coordenado por uma equipa de cientistas das Canárias, “é um investimento do governo espanhol e de instituições de outros países” da União Europeia, disse à agência Lusa Ricardo Gafeira, investigador do OGA. “Cabe a Portugal assegurar 1,5 a 2% do investimento. Esperamos que outros centros científicos portugueses façam parte do projeto”, adiantou.

A verba total necessária para construir e instalar o EST ainda não está calculada em definitivo, mas os investigadores de Coimbra já sabem que a parcela nacional a investir rondará os três milhões de euros. “Metade deste investimento reverte para Portugal, através de contratos com a indústria”, enfatizou à Lusa, por seu turno, o investigador Nuno Peixinho, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC.

No encontro virtual, realizado a partir do Observatório Geofísico e Astronómico, em Santa Clara, os promotores procuraram “demonstrar o que fazer e o que podem fazer” as instituições associadas do EST, afirmou Ricardo Gafeira, salientando a importância de “abrir portas para que a investigação aconteça” também nesta área.

O EST será “um telescópio de quatro metros, otimizado para estudos do magnetismo solar e das camadas solares mais exteriores, como a fotosfera (que aos nossos olhos parece ser a sua superfície) e a cromosfera (que apenas vemos durante os eclipses)”, informa a UC, numa nota enviada à Lusa.

O Portugal EST Day, que reuniu cientistas e representantes de empresas, pretendeu, segundo Nuno Peixinho, “apresentar as oportunidades que este projeto oferece às comunidades científicas e industriais portuguesas”. De acordo com o investigador, “as variações da atividade magnética solar induzem alterações terrestres que podem afetar milhões de humanos num breve espaço de tempo”.

Promovido pela Observatório Geofísico e Astronómico, membro da Associação Europeia de Telescópios Solares (EAST), e pelo Centro de Investigação da Terra e do Espaço da UC, o evento teve apoio da UC Business e da Portugal Space – Agência Espacial Portuguesa.