“Temos tudo nas mãos para de forma consequente e muito depressa fazer diferente” nos territórios e nas florestas

A AGIF (Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais), o ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas) e o ForestWISE (Laboratório Colaborativo para Gestão Integrada da Floresta e do Fogo) apresentaram esta sexta-feira o projeto “áGiL” e a primeira fase da “Plataforma Interoperável do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais”.

João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Ação Climática, deixou clara a necessidade de se acelerar nas questões ligadas ao território: “Já há muitos anos que ouvimos falar em smart cities e, também, que os dados armazenados que vão fazer com que o tráfego na cidade seja muito mais fluído, mas a cidade continua engarrafada”. Para Matos Fernandes, é fundamental “saber transformar estes dados em informação” e usá-la na gestão e, a partir desta base, “robustecer” os “processos de cooperação” e “concretizar” os “processos de gestão e transformação”. É certo que “não será de hoje para amanhã”, mas o chefe da pasta do Ambiente garante que “estamos num bom caminho”, acreditando que a “solução” se faz num grande gesto: “Introduzir o saber na gestão do território e introduzir o saber muito para além do conhecimento gradativo que todos vamos ganhando e percebendo”.

Sobre a gestão, o ministro do Ambiente não tem dúvidas de que a mudança tinha mesmo de acontecer, sendo que a “ferramenta para conhecermos o corpo da terra” foi encontrada e baseia-se nos “sinais que resultam do conhecimento estruturado e que têm na sua base o melhor que ela pode ter”. A partir de agora, “a prevenção” pode ser diferente, assim como a “supressão do combate aos fogos rurais” também: “A construção de uma floresta inteligente, em que sabemos de quem é o quê e de quem se pode organizar em torno de um tronco comum e poder partilhá-la, construí-la e interpretá-la para agir, é fundamental”.

Projetos como o “áGiL” ou a Plataforma Interoperável são bons exemplos que permitem perspetivar uma gestão cada vez mais coerente e transparente: “Temos tudo nas mãos para, de forma consequente e muito depressa, fazer diferente”. E muito mais do que falar o “dialeto da terra”, é, acima de tudo, “sermos capazes de falar numa linguagem universal”: “Queremos conhecer-lhe o corpo da terra pelos sinais possíveis de partilhar e que garantam uma melhor gestão do território”.

Promovido pelo ICNF, o áGiL é um “projeto-piloto”, com recurso a imagens LiDAR, para a “gestão do território, floresta e fogos rurais”, cujos “resultados e a avaliação dos produtos cartográficos gerados contribuirão para o desenho da primeira cobertura nacional de dados LiDAR”, lê-se numa nota divulgada no site da AGIF. Este projeto tem incidência sobre sete territórios-alvo predominantemente florestais, que possuem infraestruturas e edifícios (Parque Florestal de Monsanto (concelho de Lisboa), Mafra, Pombal, Sintra e Cascais, Proença-a-Nova e Oleiros, Serra da Lousã, Vila Pouca de Aguiar e Góis), abrangendo cerca de 45 mil hectares.

Por seu turno, a Plataforma de Interoperabilidade do SGIFR (PLIS) começou a ser desenvolvida em 2020 pela AGIF, tal como preconizado no Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais. Esta plataforma assenta, segundo site da entidade, em “resolver o problema de interconexão dos dados”, contribuindo para uma “melhoria substancial” dos Sistemas de Informação e Comunicação, agregando “informação de várias entidades, facilmente disseminada e apreendida” resultando numa “visão global dos processos e atividades”.