Temperaturas baixam mas país escapa ao frio extremo da Europa

As temperaturas devem baixar no fim de semana, porém o frio em Portugal não causará, previsivelmente, problemas graves como os que se vivem em países geograficamente mais a norte em que a vaga de frio matou mais de 30 pessoas nos últimos dias, refere o Diário de Notícias. Para a Península Ibérica, o problema maior é a falta de precipitação, já a provocar uma situação de seca moderada. E é esta escassez de chuva que resulta mais das alterações climáticas, dizem os especialistas.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) prevê descida moderada das temperaturas mas no seu resumo para janeiro antevia até “valores acima do normal para todo o território”. No seu boletim de dezembro avaliou a temperatura mínima do ar, 5,5º em média, com uma anomalia de -0.50º C, mas apontava que “valores inferiores aos deste mês ocorreram em cerca de 50% dos anos”, desde 1971.

“As pessoas sofrerem com o frio é um fenómeno que acontece desde sempre. As causas são não estarem bem preparadas para lidar com a situação, como a falta de habitação, e haver grupos de população, como os mais idosos, que estão mais sujeitos a ficar vulneráveis aos problemas causados pelo período”, referiu Filipe Duarte Santos, geofísico e um dos principais investigadores portugueses que estudam o aquecimento global.

As notícias que chegam de mortes em países da Europa Central e do Norte ou Itália e Turquia permitem concluir que uma grande parte das vítimas são pessoas que não tinham habitação de qualidade, outras, em número considerável, são mesmo sem-abrigo, ou integram grupos mais vulneráveis como imigrantes ou idosos.

Para o professor da Faculdade de Ciências de Lisboa, o maior problema deste inverno é a situação de seca. “As barragens em Espanha e em Portugal estão a 50%. Não são boas notícias tendo em conta que estamos no mês de janeiro. E esta é a face preocupante das alterações: a diminuição da precipitação anual acumulada na Península Ibérica – uma redução de 40mm por década, entre 1960 e 2015”, explica.