“Trabalhar em bloco é muito importante para poder dar musculatura às mudanças que precisam de acontecer”

“Como deve o turismo caminhar na busca de uma maior sustentabilidade?”. Esta foi uma das perguntas que a Ambitur Talks levantou a Roberta Medina, vice-presidente do Rock in Rio,  à margem da Conferência Smart and Green Tourism, promovida na BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa.

Falando da experiência do Rock in Rio, a empresária considera que ser sustentável é, acima de tudo, uma “visão de mundo”, que implica colocar os “valores” em prática: “É olhar menos e, exclusivamente, para uma lógica racional e empresarial, e sim olhar para o todo com a consciência de que se o todo não estiver bem, nós também não estamos”. Mas, sustentabilidade não integra o “meio-ambiente” como pilar exclusivo: “É também a economia e a sociedade”. E se a “casa principal” em que o cidadão habita – o “planeta” – não estiver bem, nada está bem: “Nascemos numa cultura de autoconsumo e não há preocupação (…) pelo que, precisamos em todas as decisões do nosso dia-a-dia pensar em como utilizar menos matérias-primeira e usar mais recursos readaptados”. Trata-se de um “exercício diário” que, primeiramente, passa por “procurar informação” e, de seguida, “perceber como posso fazer diferente”, sustenta. Já no caso do turismo, Roberta Medina acredita que tudo passa por uma questão de “trazer as nossas crenças pessoais mais para a frente das chamadas decisões empresariais e não pensar no automático de empresarial”.

Quanto aos empresários, a vice-presidente do Rock in Rio defende que o primeiro passo assenta na contratação de pessoas – “colaborações ou parcerias” – que entendem sobre a matéria. Após esta seleção, a aposta deve assentar numa espécie de “avaliação” ou “auditoria” onde seja possível fazer a diferença e, de seguida, “montar um cronograma” com as várias medidas e ações a adotar: “Não vamos conseguir mudar tudo de um dia para o outro e a indústria não está preparada”. No caso das soluções que se afiguram mais “custosas” no médio-prazo, a empresária defende uma “articulação” entre toda  a indústria: “No turismo o potencial é muito maior do que nos eventos que são mais esporádicos”. Por exemplo: “Se existir x hotéis disponíveis para contratar determinado serviço, o fornecedor já estará mais preparado para investir nessa inovação”. Contudo, tal implica “união” no setor: “Trabalhar em bloco é muito importante para poder dar musculatura às mudanças que precisam de acontecer”, destaca.

Relativamente à sociedade, Roberta Medina refere que o exercício é o mesmo que se faz nas empresas: “O desafio é repensar os nossos hábitos: valorizar o que realmente tem valor e optar por fazer escolhas diferentes”. A título de exemplo, a empresária recorda o “apagão” que, em 2003, aconteceu no Brasil: “Em duas semanas, o consumo de energia baixou 20% em todo o país”.  Mais uma vez, tudo passa por uma questão de hábitos e de fazer “escolhas diferentes”, mas “acertadas”, sustenta.

A Ambitur Talks é uma iniciativa promovida pela Ambitur, onde são entrevistados vários “players” de diversas áreas de negócio. Roberta Medina foi também oradora na Conferência Smart and Green Tourism, promovida pela Ambitur, juntamente com a Fundação AIP, na BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa.