Travão às barragens é um “dia negro para o interior”

O Governo mostrou cartão vermelho às barragens da EDP e da Endesa. Estas hidroelétricas, no valor de 180 milhões de euros, vão mesmo ficar no papel, avança o Negócios de hoje.

A reavaliação do Plano Nacional de Barragens (PNB) foi concluída e apresentada esta segunda-feira, com o Ministério do Ambiente a afirmar que este cancelamento só ficou fechado após pesados “critérios jurídicos, financeiros, expectativas dos municípios abrangidos, metas das energias renováveis e descarbonização da economia portuguesa”.

O ministro do Ambiente garantiu que não há “custo nenhum” para os contribuintes. E, olhando para o caso da barragem de Girabolhos, João Matos Fernandes sublinhou que o Estado não terá de devolver os 35 milhões de euros pagos pela espanhola Endesa em 2008 quando foi celebrado o contrato.

Além do travão às barragens do Alvito (EDP) e de Girabolhos (Endesa), o Ministério do Ambiente decidiu suspender por três anos o projeto do Fridão (EDP), avaliado em 300 milhões. A tutela aponta que esta suspensão acontece porque as metas para 2020 de produção de energia renovável vão ser cumpridas. No entanto, as metas até 2030 não estão asseguradas e por isso “é importante fazer um compasso de espera para ponderar nos próximos anos a decisão de fazer ou não o Fridão”.

“Os autarcas cujas barragens foram suspensas não tiveram uma reação particularmente positiva porque desejavam a sua construção”, afirmou o ministro. Mas o governante deixou a garantia de que as autarquias vão ter direito às contrapartidas acordadas.

Gouveia é um dos municípios afetados pelo cancelamento da barragem de Girabolhos e o seu autarca confessou-se “supreendido” com esta decisão pois “este era um investimento estruturante em termos económicos”.

“O GOverno começou o seu mandato a dar uma machadada profunda no interior do país. Este era um investimento há muito aguardado”, disse o autarca de Gouveia, Luís Tadeu Marques. “Este é um dia negro para o interior, esta decisão afeta quatro municípios, que têm sido esquecidos por sucessivos Governos”, apontou, referindo-se a Gouveia, Seia, Mangualde e Nelas.