Uma centena de tartarugas capturadas em Cabo Verde desde julho

Uma centena de tartarugas marinhas foram capturadas em Cabo Verde desde julho, números que preocupam as autoridades que hoje lançaram uma campanha para sensibilizar os consumidores finais da carne e artesanato de tartaruga. Os números foram avançados, ontem, pelo diretor nacional do Ambiente, Alexandre Rodrigues, durante a conferência de imprensa de apresentação da campanha “A proteção das tartarugas cabo-verdianas está nas nossas mãos”, a que se associou a empresa de telecomunicações Unitel.

“Contabilizamos cerca de 100 carapaças que foram encontradas em mês e meio. É um número que está quase a chegar a média (total) do ano passado e ainda estamos a meio da época da desova”, disse Alexandre Rodrigues.

A época da desova das tartarugas marinhas ocorre entre julho e outubro de cada ano em todas as praias com areia de Cabo Verde e no ano passado foi registada no total da época a captura de 177 exemplares.

“O trabalho de sensibilização é um trabalho muito complexo. É basicamente preparar gerações e estamos a apostar muito fortemente na sensibilização, trabalhando com as escolas e com as comunidades locais para que possamos ter uma geração futura com mais consciência da importância da preservação dos recursos”, disse.

Alexandre Rodrigues disse ainda estar em preparação uma revisão da legislação sobre a apanha e consumo de carne de tartaruga para “ver até que ponto” se pode reforçar a repressão desta prática.

“A sensibilização é importante, mas quando a sensibilização não funciona temos que ter outros instrumentos para fazer com que a preservação das nossas espécies seja salvaguardada”, disse.

A legislação cabo-verdiana prevê coimas entre 500 mil escudos (cerca de 4.500 euros) e 9 milhões de escudos (cerca de 80 mil euros) para quem apanhe tartarugas, mas Alexandre Rodrigues admite falhas na fiscalização.

“Temos que aumentar a fiscalização. Temos uma fragilidade em relação à fiscalização. Temos que fazer com que a nossa fiscalização seja mais efetiva e que haja muito mais envolvência das outras instituições para que consigamos que a lei seja cumprida”, disse.