Universidade de Évora e REN assinam parceria para o estudo e conservação de comunidades de animais debaixo das linhas de transporte de energia

A REN – Redes Energéticas Nacionais assinou um protocolo com a Universidade de Évora (UE) para o estudo e conservação de comunidades de animais debaixo das linhas de transporte de energia. Esta parceria surge no âmbito do projeto LIFE LINES – Redes de Infraestruturas Lineares com Soluções Ecológicas e permite a criação de verdadeiras “ilhas de biodiversidade” debaixo dos postes. Para o efeito, a REN vai apoiar esta iniciativa através da promoção de contactos com os proprietários dos terrenos atravessados pelas linhas de transporte de energia na área de intervenção do projeto LIFE LINES.

O LIFE LINES é uma parceria entre a Universidade de Évora, que é a entidade coordenadora, e a empresa Infraestruturas de Portugal SA, as Câmaras Municipais de Évora e Montemor-o-Novo, a Marca, que é uma Associação de Desenvolvimento Local, e as Universidades de Aveiro e do Porto (Faculdade de Ciências). Este projeto pretende ensaiar, avaliar e disseminar medidas de mitigação aplicáveis às infraestruturas lineares (ferrovias, estradas e linhas de transporte de energia) em várias espécies e, simultaneamente, promover a criação, ao longo das mesmas, de uma Infraestrutura Verde de suporte ao incremento e conservação da biodiversidade.

Com a colaboração dos proprietários dos terrenos atravessados pela linha Palmela – Évora e Estremoz-Divor, e no âmbito do projeto LIFE LINES, o objetivo desta parceria passa por semear e plantar várias espécies de plantas autóctones, sob os postes localizados em áreas com pouca cobertura vegetal. Espera-se que estes locais possam ser ocupados de forma permanente, ou funcionar como corredores para alguns animais de pequeno porte incluindo borboletas, aves, roedores, musaranhos, etc., promovendo assim um incremento de espécies através da criação de habitats nas áreas intervencionadas.

A equipa do LIFE LINES é constituída por mais de 30 elementos, incluindo gestores de infraestruturas lineares, biólogos, engenheiros do ambiente, arquitetos paisagistas, engenheiros civis, designers, técnicos especializados em trabalhos de campo, em comunicação, em informática, na gestão administrativa de projetos, etc.

Para Francisco Parada, responsável da área de Qualidade, Ambiente e Segurança da REN, “a biodiversidade é um dos descritores ambientais mais relevantes considerados na avaliação sistemática dos eventuais impactes das atividades da REN nas várias fases do ciclo de vida das suas infraestruturas. Por isso, esta parceria permite-nos mitigar e compensar os impactes provocados pela nossa atividade sobre a biodiversidade”. Este trabalho conjunto surgiu através da Cátedra REN em Biodiversidade com a Universidade do Porto, “que acompanhará a análise de dados que serão obtidos desta parceria com a Universidade de Évora”, salientou ainda.

Para António Mira, responsável do projeto e docente da Universidade de Évora, estas parcerias com as entidades gestoras das infraestruturas constituem um aspeto chave com vista a testar e implementar com sucesso soluções eficientes que compatibilizem a existência destas infraestruturas com a conservação da biodiversidade e serviços dos ecossistemas por ela prestados. António Mira salienta ainda o grande potencial que os espaços marginais seminaturais frequentemente associados às diferentes infraestruturas (bermas, base dos apoios de linhas elétricas, etc.) têm para funcionar como refúgios e corredores para várias espécies que, se geridos de forma integrada, poderão dar um forte contributo para a promoção da biodiversidade a um nível alargado na paisagem.