Universidade de Trás-os-Montes pode ajudar o governo num projecto de prevenção nacional de fogos

O Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) tem uma equipa multidisciplinar dedicada ao estudo dos incêndios que pode ajudar o governo num projecto de prevenção nacional. Com vários cursos na área florestal e ambiental e um corpo docente e de investigadores muito activo na temática dos fogos, “a UTAD tem todas as condições para servir nesta área, que consideramos de interesse nacional”, explicou o investigador da UTAD e especialista em fogos florestais, Paulo Fernandes.

“Se todos os anos intervirmos estrategicamente em cerca de 5% de um determinado território, com o passar do tempo, vamos ter o país adequadamente protegido dos fogos florestais”, salientou Paulo Fernandes que acrescentou, ainda que, “à escala nacional, e considerando as regiões com risco de incêndio elevado, estamos a falar de cerca de 75 mil hectares por ano”.
As intervenções para a prevenção de incêndios, que podem ser comparticipadas por fundos comunitários, apresentam custos desde os 50 euros por hectare, com a técnica de fogo controlado, até aos mil euros, com meios mecânicos, “dependendo muito das caraterísticas e condições do terreno, se é floresta ou mato, plano ou inclinado”, advertiu o investigador do CITAB. Outras técnicas passam pelo pastoreio ou pela alteração da composição florestal, com maior presença de espécies que ardam com mais dificuldade, nomeadamente por criarem condições mais húmidas. Segundo Paulo Fernandes, há um caminho alternativo à “aposta dos governos portugueses, que tem sido muito reativa, porque a resposta política a um ano mau de incêndios é reforçar o combate, apesar de se dizer sempre que o problema é a falta de prevenção”. Na opinião do especialista em incêndios, as prioridades de atribuição de financiamento deveriam ser “repensadas” e o investimento dado à prevenção deveria ser “substancialmente maior”.