Urge “repensar” a forma como se “produzem os resíduos” em “todas as situações”, alerta Valorsul

Até 29 de novembro, decorre a Semana Europeia da Prevenção de Resíduos (SEPR) – European Week for Waste Reduction (EWWR), a maior campanha de sensibilização para a prevenção de resíduos na Europa. Este ano, a Semana tem como tema central o “Lixo Invisível”. A Ambiente Magazine quis saber junto da Valorsul quais as ações que a entidade está a promover e qual a importância de estar associada à iniciativa. 

Foi em 2009 que a Valorsul se associou, pela primeira vez, à Semana Europeia da Prevenção de Resíduos:  “Mas foi em 2010 que a Valorsul incorporou a Semana na sua atividade de comunicação e educação ambiental”, diz Judite Leal, coordenadora da SEPR e um dos elementos da equipa de comunicação e sensibilização da Valorsul. Na altura, recorda a responsável, a entidade promovia “projetos na área dos resíduos” através da atribuição do “Prémio Valorsul” e, por ocasião da SEPR 2010 houve um “evento que associou as duas iniciativas”. Oficialmente, foi precisamente esse marco que ligou a Valorsul à SEPR.

[blockquote style=”1″]Economia que garanta o mínimo de desperdício[/blockquote]

O facto de se tratar de uma ação mobilizadora, com dimensão europeia e, que em 2019, foram realizadas 16.570 ações em 30 países é mais do que motivo para a Valorsul estar associada à Semana: “É uma oportunidade de conseguir chamar a atenção da população para um problema que afeta o seu dia-a-dia e que vai afetar o seu futuro, ainda que as consequências não sejam de perceção imediata”. E, o facto de ser, também, promovida por uma entidade a nível europeu promove o “espírito coletivo” e de “adesão” a este tipo de eventos, acrescenta. Aquela que é a “principal mensagem” que se pretende transmitir ao longo da semana centra-se, sobretudo, na urgência de se “repensar” a forma como se “produzem os resíduos” em “todas as situações” e em “todas as fases da cadeia produtiva” em que são produzidos. E o objetivo é “caminhar”, no futuro, para uma “economia” em que os “produtos” e “serviços” são “desenhados para garantir o mínimo de desperdício” e, ao mesmo tempo, que “os consumidores” estejam informados e conscientes para “consumir de forma a produzir o mínimo de resíduos possível”, sublinha.

Desde que a Valorsul se associou à SEPR, o balanço é sempre positivo: “Ao fim de 10 anos, transformou-se realmente no momento do ano em que paramos para refletir nestes temas a uma escala europeia mas de uma forma tentacular”. De acordo com a responsável, “são milhares de ações”, desde uma “família que se inscreve para sensibilizar os vizinhos”, até uma “universidade que participa com um seminário para sensibilizar todo o setor da saúde”, tal como acontece este ano. Como exemplos de ativistas por esta causa, a Valorsul conta, habitualmente, com participação das “associações ambientalistas” e de “defesa dos consumidores”, mas também “municípios, freguesias, escolas, empresas, universidades e paróquias”. Assim, o “modelo descentralizado” e que apela ao “empreendedorismo” e à “criatividade” é que “permite esta riqueza de iniciativas em quantidade, em qualidade e em diversidade”, afirma.

[blockquote style=”1″]Chamar a atenção para a problemática dos resíduos [/blockquote]

“Resíduos Invisíveis” são o tema central deste ano. Mas, afinal, que tipo de “lixo” é este? Segundo Judite Leal, são, essencialmente, uma “grande quantidade de resíduos”, gerada durante o “processo de fabrico de produtos” e que, na sua maioria, “não podem ser reciclados”. Por exemplo, umas calças de ganga: “Quando estamos a comprar, estamos todos longe de imaginar que para fazer aquele par de calças se produziram 25 kg de resíduos invisíveis”, refere.

Este movimento europeu pretende, assim, “chamar a atenção” para o “problema dos resíduos”, para o “consumo em excesso” e para o “grande impacto” que causam no planeta. Para tal, afirma Judite Leal, promove “hábitos de consumo e gestos” no quotidiano que “permitam viver de forma sustentável” e com “menos resíduos”.

[blockquote style=”1″]Há um crescente consciência coletiva [/blockquote]

Quanto a ações que a Valorsul está a promover, a responsável refere que são, essencialmente, de “sensibilização” e “comunicação” e, que na sua maioria, “acontecem digitalmente”, consequência da situação pandémica que se vive atualmente. Mas, ainda assim, há ações que estão a decorrer no terreno, refere. Quanto a números: “Em 2020 temos mais 7 ações do que em 2019, sendo 27 iniciativas no total”. Mesmo em ano “atípico”, Judite Leal evidencia que há “uma grande diversidade de entidades envolvidas” nesta edição: “Para além das escolas, que habitualmente nestes temas têm sempre um papel fundamental para fazer chegar as mensagens à restante sociedade, há uma crescente consciência coletiva de que já não há tempo para esperar que sejam os outros ou os mais novos a mudar ou a alertar para o que deve ser feito”.

Este ano, na área da Valorsul, conta-se, assim, com o “envolvimento de Câmaras Municipais, empresas, associações, instituições do ensino superior”, de áreas tão distintas como a “saúde” ou a “contabilidade e organismos públicos” como a “Secretaria-Geral do Ministério das Finanças” e a “Secretaria-Geral da Presidência do Conselho de Ministros”, refere.