Volume de operações de M&A em energia e recursos naturais estagna após três anos de crescimento

O volume de operações de fusões e aquisições no setor da energia e recursos naturais estagnou após três anos de crescimento constante, adianta o relatório de Fusões e Aquisições (M&A) de 2024 da Bain & Company. O fim desta tendência, motivado pela necessidade de promover a transição energética, pressupõe uma encruzilhada estratégica para o setor.

Em 2020, 19% do volume total de transações superiores a mil milhões de dólares estavam relacionados com a transição energética. Este valor aumentou para os 21% em 2021 e os 27% em 2022, antes de estabilizar nos 25% nos primeiros nove meses de 2023. A consultora destaca que 66% dos profissionais de M&A especializados neste setor são muito seletivos nas suas operações, algo crucial para a estratégia corporativa dessas empresas.

“Esta situação pode ser atribuída a vários fatores. As subvenções do governo norte-americano não conseguiram compensar o aumento das taxas de juro e os elevados custos nas cadeias de abastecimento. Além disso, as tensões geopolíticas desviaram a atenção para a segurança energética. Vários setores energéticos foram afetados, em especial as energias renováveis. Veja-se o que se tem passado com as eólicas offshore”, esclarece Eduardo Ferreira de Lemos, responsável pela prática de energia da Bain & Company.

O relatório também mostra que as avaliações das petrolíferas europeias são inferiores às das suas congéneres americanas, o que levou as primeiras a tentar reduzir esta diferença. Da mesma forma, as avaliações das empresas energéticas focadas exclusivamente em energia limpa também diminuíram globalmente, como comprova a queda de 27% no “iShares Global Clean Energy ETF” até 1 de dezembro de 2023.

As empresas do setor estão a adotar estratégias que combinam a consolidação das suas principais atividades no setor dos hidrocarbonetos com o investimento em projetos de transição energética. Por exemplo, a ExxonMobil e a Chevron investiram mais de 110 mil milhões de dólares na aquisição da Pioneer e da Hess, respetivamente, para reforçar a sua atividade principal no petróleo e no gás, mas também estão a investir em projetos de transição energética. No caso da ExxonMobil, esta adquiriu recentemente os direitos de extração de lítio nos Estados Unidos como parte do seu plano de longo prazo para se posicionar no mercado de veículos elétricos e na eletrificação dos transportes.