ZERO: Aviação em Portugal, em 2018, correspondeu a 7,1% do total das emissões de CO2 do país

A Federação Europeia de Transportes e Ambiente, da qual a ZERO (Associação Sistema Terrestre Sustentável) é membro, em conjunto com a ODI (Open Date Institute) e o ICCT (International Council on Clean Transportation), lançaram o denominado Airport Tracker, uma ferramenta online que mapeia o impacto climático de 1.300 aeroportos, cobrindo 99% dos voos de passageiros.

Aa ZERO partilha, num comunicado, os mais recentes dados do Airport Tracker: “apenas 20 aeroportos foram responsáveis ​​por 27% das emissões de CO₂ do transporte aéreo de passageiros”; “44 aeroportos criaram cada um mais CO₂ ao longo de um ano do que uma central térmica a carvão”; e “quase dois terços das emissões de CO₂ de passageiros aéreos foram criadas por apenas 100 dos 1.300 aeroportos”.

De acordo com a associação Zero, o Airport Tracker permite visualizar as profundas desigualdades socioeconómicas da aviação: “os aeroportos estão predominantemente localizados na Ásia-Pacífico, América do Norte e Europa, sendo que os voos de passageiros de apenas 20 cidades criaram emissões de CO₂ equivalentes a uma economia de médio porte, como a Espanha”, lê-se no comunicado.

Os dados da ferramenta indica ainda que os voos de passageiros que partem de Londres Heathrow, Paris Charles de Gaulle, Frankfurt, Amsterdam Schiphol e Madrid Barajas emitem 53 milhões de toneladas de CO2. A ZERO lembra que todas estas emissões estão isentas de imposto sobre combustível e das quais menos de 15% são cobradas nos esquemas de comércio de licenças de emissões da União Europeia e do Reino Unido. “Estes esquemas incluem apenas voos domésticos e na UE, o que significa que os voos que saem da Europa não estão incluídos”, atenta a associação

A ZERO alerta igualmente para a desigualdade que também existe dentro das regiões. “Dos 346 aeroportos europeus analisados, dez são responsáveis por 42% das emissões de CO₂ de passageiros da região, e quatro desses dez estão em apenas dois países (Reino Unido e Alemanha)”.

E Portugal? 

A ZERO utilizou a ferramenta Airport Tracker para extrair dados relativos a Portugal, em 2018, que revelam que os voos associados aos principais aeroportos portugueses, considerados apenas num sentido (e não ida e volta), resultaram em “4,75 milhões de toneladas de emissões de gases com efeito de estufa em 2018, 7,1 % do total das emissões do país (66,5 milhões de toneladas)”. Os dados, segundo a associação, indicam que “o número de quilómetros associados aos voos curtos atingem 12,5 milhares de milhões de quilómetros, os de médio curso, 27,8 e os de longo curso, 17,8”. Relativamente à eficiência de emissão por passageiro, os dados revelam que é de “91 gCO2/km no caso dos voos de curta distância”, “74 gCO2/km nos voos de médio curso” e “88 gCO2/km no longo curso”, sendo a média de “82 gCO2/km”. No que respeita ao tráfego de passageiros nos aeroportos portugueses, a ferramenta indica que foi de “21,5% na curta distância, 47,8% no médio curso e 30,6% no longo curso”. Segundo os dados, “o aeroporto de Lisboa é responsável por emissões associados aos voos com partida deste aeroporto com 3,03 milhões de toneladas de gases com efeito de estufa (64% do total de emissões)”; “o do Porto com “09,77” ; e “o de Faro com “0,57”.

Para a ZERO é fundamental considerar-se o total das emissões associadas ao total dos voos nos objetivos de neutralidade climática, e não incluir apenas os voos domésticos e as emissões associadas às aterragens e descolagens, que em 2018, representaram apenas cerca de 0,5 milhões de toneladas, isto é, 11% do total. Mais ainda, “estes valores revelam quão importante é discutirmos a expansão aeroportuária num contexto de emergência climática”, alerta a associação.