ZERO e EIA defendem transição tecnológica para equipamentos de refrigeração sem efeito de estufa

Com o aumento médio das temperaturas globais, o aumento previsto do uso de ar condicionado para arrefecer casas, locais de trabalho e para o armazenamento de alimentos e medicamentos coloca um problema grave. O impacto climático dos equipamentos de refrigeração atualmente utilizados, incluindo frigoríficos e ar condicionado, é duplo: “têm um peso significativo no consumo de eletricidade e dependem frequentemente de gases refrigerantes altamente poluentes, como os hidrofluorocarbonetos (HFC), que contribuem para as alterações climáticas”, alerta a ZERO (Associação Sistema Terrestre Sustentável).

De acordo com a ZERO, em 2018 em Portugal estes gases representavam já 5% (em CO2 equivalente) dos gases com efeito de estufa, pelo que a ação para deixar de os utilizar é fundamental. Para tal, defende a associação ambiental, é necessário fazer uma “transição tecnológica para equipamentos de refrigeração que não utilizam estes gases, pois passamos de gases que têm um potencial de aquecimento global muito elevado, alguns deles na ordem dos milhares de unidades (o CO2 tem o peso de 1 unidade), para gases com um potencial de aquecimento global extremamente baixo (<5)”. A conversão, em larga escala, para estas tecnologias em “novos equipamentos e produtos até 2030” irá “transformar a economia europeia, com implicações para os produtores, importadores, distribuidores, fabricantes, operadores, prestadores de serviços e consumidores”, lê-se num comunicado da ZERO.

Por forma a contribuir para essa transição, a Environmental Investigation Agency (EIA), em parceria com a Shecco, lançou um relatório onde são apresentados os equipamentos de refrigeração que já utilizam gases com pouco ou nenhum efeito de estufa, para os diferentes tipos de utilização, desde o doméstico ao industrial. Os equipamentos podem ser conhecidos no relatório “Pathway to Net-Zero: Cooling Product List

Segundo a ZERO, o relatório pretende ajudar os particulares e as empresas, que estão cada vez mais conscientes da importância de fazer a sua parte na luta contra as alterações climáticas, a identificar os equipamentos que menos contribuem para as alterações climáticas, e assim fazer escolhas mais sustentáveis. Os equipamentos identificados são “eficientes em termos energéticos” e “utilizam gases com um potencial de aquecimento global extremamente baixo”, tornando-os uma “escolha ideal” para os consumidores que procuram reduzir a sua pegada climática, precisa o comunicado.

Os setores abrangidos no relatório e para os quais há soluções que podem ser implementadas incluem os equipamentos de refrigeração e os ar condicionados domésticos, comerciais e industriais, os veículos de transporte de mercadorias refrigeradas e ainda as bombas de calor domésticas, comerciais e industriais.

Para a ZERO, a ação para deixar de usar os gases fluorados precisa de ser eficaz: “O Regulamento dos Gases fluorados da União Europeia está em fase de revisão, em que se pretende uma legislação mais ambiciosa, e para além disso é necessário a evolução nas tecnologias nos diferentes segmentos de mercado, e a sua aplicação no terreno, sendo para isso necessário que os cidadãos e as empresas façam as escolhas mais sustentáveis”. Este guia de produtos de arrefecimento pretende assim “contribuir para acelerar esta transição”, com um foco principal em “refrigerantes naturais” com Potencial de Aquecimento Global (PAG) ultrabaixo e eficiência energética de eletrodomésticos. A implementação bem-sucedida do referido Regulamento terá “igualmente implicações para os futuros esforços no sentido de negociar e implementar a redução progressiva dos HFC à escala internacional”, assim como “influenciar o quadro regulamentar global no sentido de tecnologias com baixo PAG”, refere o comunicado.