ZERO exige medidas urgentes para combater pobreza energética

No âmbito da campanha “Casa Quente Para Toda a Gente”, desenvolvida com o objetivo de alertar e sensibilizar a população para a pobreza energética, a Associação ZERO promoveu a recolha de testemunhos sobre o “desconforto térmico dentro de casa”. A análise levou a associação ambientalista a exigir ao Governo medidas urgentes.

A ação desenvolvida é, segundo a ZERO, “uma forma de chamar a atenção para a importância da aprovação da Estratégia Nacional de Longo prazo para o Combate à pobreza Energética 2022-2050”. Num comunicado, a associação considera “lamentável” a falta de ação governamental para um tema que é prioridade nacional, após a realização de duas consultas públicas ainda sem qualquer resposta.

A ZERO reafirma a posição a favor de “intervenções verdadeiramente estruturantes” no parque edificado. Deste modo, defende que é necessário definir “uma estratégia alinhada com metas e objetivos nacionais, além da Estratégia de Longo Prazo para a Renovação dos Edifícios (ELPRE) e em coordenação efetiva com outras políticas (saúde, alterações climáticas, pobreza, habitação, entre outras)”.

Também é de extrema importância, para a associação ambientalista, apoiar a população e inovar nos programas de apoio, priorizar medidas passivas, comunicação e promoção da literacia, uma visão holística dos objetivos da estratégia e monitorizar a situação nacional.

“Esperamos que o país avance no combate à pobreza energética com ambição e ação necessária para um impacto positivo real e que traga resultados positivos para toda a população, nomeadamente para os mais vulneráveis”, escreve a ZERO.

As declarações da associação ambientalista têm origem em 315 testemunhos recolhidos na campanha “Casa Quente Para Toda a Gente”. São pessoas que se inserem na descrição que a ZERO faz da condição de pobreza energética: “a incapacidade de manter a habitação com nível adequado de serviços energéticos essenciais, devido a uma combinação de baixos rendimentos, baixo desempenho energético da habitação e custos com energia.

Os testemunhos foram provenientes de pessoas residentes em 118 concelhos, com mais de metade a referir que sofre com frio e calor, assinalando o “frio” como a causa principal de desconforto térmico.

No comunicado, a Associação ZERO refere que o objetivo é “aproximar a realidade nacional dos decisores políticos, que as pessoas possam ser ouvidas e para que promovam melhores políticas para avançarmos com o combate à pobreza energética”.

Uma ‘pen USB’ contendo todos os 315 testemunhos, com os detalhes relevantes, foi entregue esta terça-feira ao Ministro do Ambiente e da Ação Climática, através da Secretária de Estado da Energia e Clima, e à Ministra da Habitação, através da Secretária de Estado da Habitação. A ZERO garante, no entanto, que foi mantido o anonimato dos participantes.