ZERO: “Movimento Salvar a Ilha” quer provas de que o Ecoparque vai garantir o cumprimento das metas de reciclagem nos Açores

O Movimento Cívico “Salvar a Ilha”, representado pelas associações ambientalistas ARTAC (Amigos dos Açores), Quercus – Núcleo de São Miguel e ZERO (Associação Sistema Terrestre Sustentável), reuniu com o secretário Regional do Ambiente e Alterações Climáticas, Alonso Miguel, para debater o panorama da gestão de resíduos e a incineração nos Açores. O movimento considera “essencial” que a AMISM e MUSAMI apresentem “provas” de como o projeto do “Ecoparque” irá garantir o “cumprimento das metas de reciclagem comunitárias” na ilha de São Miguel e na Região, pode ler-se no comunicado da ZERO

Na Reunião com o secretário Regional do Ambiente e Alterações Climáticas, o “Movimento Salvar a Ilha” defendeu que existem alternativas ao projeto da MUSAMI, e que o avanço do mesmo constitui um “retrocesso” em termos ambientais: “É um claro entrave às políticas de redução e reciclagem e dá origem a resíduos periogos e emissões poluentes, afetando a saúde e qualidade de vida da população e contribuindo para o agravamento das alterações climáticas”, refere o mesmo comunicado.

De acordo com a ZERO, tendo em conta a “atual produção de resíduos urbanos” no arquipélago, a concretização do projeto Ecoparque de São Miguel, aliada à já existência de uma “unidade de incineração” na ilha Terceira, levaria à “impossibilidade” dos Açores “cumprirem as metas de preparação para reutilização e reciclagem de 55% em 2025, 60% em 2030 e 65% em 2035”, as quais o atual Governo dos Açores pretende cumprir, tal como é referido no seu programa.

No mesmo comunicado, a associação ambiental afirma que Alonso Miguel referiu que a MUSAMI garantiu ao Governo dos Açores que irá “cumprir as metas de reciclagem”, contudo “não esclareceu de que forma nem apresentou dados que o comprovem”.

O “Movimento Salvar a Ilha” considera, segundo a ZERO, que o Governo dos Açores tem a obrigação de “condicionar a gestão de resíduos nos sistemas das várias ilhas” de forma a “garantir o cumprimento integral das diretivas europeias”. O secretário Regional do Ambiente e Alterações Climáticas mostrou-se “disponível para avaliar um plano” a apresentar pelo “Movimento Salvar a Ilha”, que garanta o “cumprimento da hierarquia da gestão de resíduos e das metas de reciclagem”, bem como, o “fomento da economia circular” em todo o arquipélago.

O projeto do Ecoparque de São Miguel sofreu diversas alterações ao longo do tempo. Em 2020, José Manuel Bolieiro, na altura autarca de Ponta Delgada e presidente da AMISM, disponibilizou documentação que permitiu ao “Movimento Salvar a Ilha” provar que o projeto da MUSAMI “não garantia o cumprimento das metas de reciclagem”, tendo a MUSAMI esclarecido que “iriam proceder a alterações a nível das capacidades de algumas unidades previstas para o Ecoparque”, lê-se no comunicado da ZERO.

Numa perspetiva do “Movimento Salvar a Ilha” poder contribuir com a “entrega de uma proposta para a gestão integrada e sustentável de resíduos” na Região Autónoma dos Açores, desafiam a AMISM e a MUSAMI a “revelar publicamente” o projeto do Ecoparque e a “provar” de que forma o mesmo irá “garantir o cumprimento das metas de reciclagem, da hierarquia da gestão de resíduos” e “contribuir para a transição para a economia circular”.