ZERO propõe medidas que permitam reduzir o uso de energia em Portugal

A ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável propõe um conjunto de medidas que podem ajudar Portugal a reduzir o uso da energia, garantindo não apenas o cumprimento do objetivo da solidariedade com os países da União Europeia (UE), mas também a redução dos impactos ambientais resultante da produção e do uso que é feito da energia.

Nas propostas, divulgadas pela ZERO, são apresentadas medidas de caráter mais estrutural, mais demoradas na implementação e que exigem maior investimento, bem como medidas conjunturais, de aplicação mais rápida, mas que se instituídas como prática permanente contribuirão para fortalecer a resiliência e autonomia energéticas de Portugal, ainda muito dependente da importação de energia, nomeadamente fóssil.

  • Medidas Estruturais
    • Acelerar iniciativas de reabilitação de edifícios, de forma a torná-los mais confortáveis do ponto de vista térmico, sem necessidade de recurso a climatização ativa;
    • Promover um conjunto de medidas responsáveis pela melhoria de conforto térmico, ou seja, as medidas passivas como o isolamento, envidraçados mais eficientes, e a utilização de sistemas de ventilação eficientes;
    • Promover iniciativas de calafetagem, por exemplo, através da mobilização das agências de energia e outras redes/plataformas já existentes, para que possam capacitar os agregados familiares a fazê-lo, podendo envolver igualmente técnicos no terrenos tais como: recursos locais/municipais, fornecedores de equipamentos e materiais, instaladores, entre outros.
    • Acelerar a instalação de soluções de água quente solar;
    • Dinamizar a produção de energia renovável descentralizada: programa de incentivos para alargar o número de agregados familiares e PME produtores de energia renovável;
    • Estimular a que as empresas definam planos de mobilidade sustentável para os seus colaboradores, tendo sempre como objetivo maximizar a utilização de transporte público coletivo e partilha de veículos.
  • Medidas Conjunturais

Setor da iluminação pública:

  • Salvaguardando sempre as questões da segurança, reduzir a utilização de iluminação pública;
  • Desligar a iluminação dos monumentos (sem pôr em causa as questões de segurança).

Setor do comércio e serviços:

  • Adequação das temperaturas usadas no interior dos edifícios no inverno (próximas dos 18/19°C graus) e no verão (para 25/26°C);
  • Adoção da prática de adequar a roupa usada à estação do ano (sem gravata e casaco no verão e com roupa mais quente no inverno, para ajudar a compensar as alterações na temperatura do ar interior);
  • Maior eficiência da utilização da climatização ativa (por exemplo, penalizando as situações em que a utilização de sistemas de climatização acontece com portas/janelas abertas, por exemplo em lojas);
  • Redução da iluminação em lojas (em particular após o encerramento).

Setor dos transportes:

  • Promoção da utilização dos transportes públicos por parte das autarquias e governo, melhorando a sua frequência, pontualidade, conforto e fiabilidade e, para percursos não abrangidos pelos passes municipais metropolitanos, reduzir o custo da sua utilização, de forma a torná-los mais atrativos (exemplo da Alemanha que criou um bilhete único para viajar por todo o país);
  • Promover o teletrabalho e a realização de reuniões e encontros em formato digital;
  • Redução da velocidade nas ruas, estradas e autoestradas (e fiscalizar mais o cumprimento dos limites).

Campanhas de informação:

  • Lançamento de uma campanha de informação de larga escala usando, entre outros meios, a televisão e as redes sociais, para conseguir chegar a um público mais alargado versando temas como: Calafetagem; Conselhos de poupança de energia nas habitações; Formas passivas de garantir o conforto térmico; Como tornar-se produtor de energia; Benefícios da água quente solar;
  • Conselhos sobre poupança de energia para além das habitações, como por exemplo: Reduzir o desperdício alimentar é também uma forma de reduzir o consumo de energia, dado que a produção de alimentos incorpora elevadas quantidades de energia;
  • Tomar duches mais curtos permite não apenas poupar energia ao agregado, pois terá de aquecer menos água, como terá menos custos energéticos relacionados com o tratamento e transporte da própria água até às nossas casas (pegada energética invisível para o utilizador).

No contexto atual, a ZERO defende que estas medidas devem ser reforçadas, mas, no geral, deverão sempre fazer parte da estratégia energética do país, independentemente da conjuntura vivida.

“Não podemos esquecer que a redução do uso da energia é importante mesmo em setores onde o uso do gás é marginal, pois não só o aumento dos preços acaba por ter reflexo em todas as fontes, como com a mobilização de fontes como o carvão e o recurso significativo ao gás para produção de eletricidade na UE e em Portugal, num ano de seca, irão contribuir para o aumento das emissões de gases de efeito de estufa. Portanto, torna-se ainda mais importante reduzir o uso de energia em termos absolutos – a energia mais barata e limpa é aquela que não se gasta”, alerta a ZERO.