No setor da água e do saneamento “ficam esquecidos os fundos”

Sob o mote “um grito pela Água”, o ENEG 2023 (Encontro Nacional de Entidades Gestoras de Água e Saneamento) arrancou esta segunda-feira, 27 de novembro, no Multiusos de Gondomar.

Rui Godinho, presidente da APDA (Associação Portuguesa de Distribuição e de Drenagem de Águas), foi um dos oradores da sessão de abertura do evento e destacou que “importa debater o que tem de mudar, o que tem de ser feito para responder de modo estruturado e sustentável às alterações globais, nacionais, regionais e locais, com a a crescente velocidade a que ocorrem e que o setor da água não foge”.

Posto isto, face a indicadores cada vez mais preocupantes, “a gestão da água continua a não ser encarada como um problema que terá de ser necessariamente assumido” e, consequentemente, “ficam esquecidos os fundos”, como no PRR (Plano de Recuperação e de Resiliência), acusa o presidente da APDA.

Face ao lado da oferta, onde há muito a fazer, o setor das águas e do saneamento fica sujeito “a uma situação de subfinanciamento que é preciso corrigir”, além de ser fundamental “equilibrar o valor da água enquanto reserva estratégica, para o consumo do humano, assinalando de forma clara o simulador económico na produção de alimentos, na manutenção de biodiversidade e dos serviços ambientais protetores da natureza e da floresta”.

“Os custos da inação são sempre muito superiores aos investimentos que há que realizar”

Assim, as novas diretivas europeias, que terão efeito em território nacional, “determinarão a abertura de espaço para as exigências e implicações técnicas, científicas, economico-financeiras e ambientais dos novos enquadramentos”, nomeadamente relativos à reutilização das águas residuais urbanas.

E nesta edição, para Rui Godinho, é importante discutir a “promoção das atividades do setor”, de forma a captar mais talento, desde os jovens, e para todas as funções do setor: “assegurar a transferência de conhecimentos e uma adequada formação de quadros”, frisou.

O ENEG 2023 decorre de 27 a 30 de novembro, no Multiusos de Gondomar, com área de exposição, mesas-redondas e vários momentos de comunicação sobre a atualidade e os desafios do setor das águas e do saneamento.

ENEG 2023: “O setor é uma vítima do seu próprio sucesso”